Azul + Gol: quais seriam os efeitos para as ações e para o setor com a possível união?

Em meio a rumores de que a Azul (AZUL4) estaria estudando alternativas para compra da Gol (GOLL4), as ações de ambas companhias passaram a sessão de ontem entre as maiores altas da Bolsa. A Gol fechou com avanço de de 2,77%, cotada a R$ 2,59, no pregão desta terça-feira, 5, enquanto os papéis da Azul fecharam o dia com alta de 4,20%, a R$ 12,40.

Ainda que, na noite de ontem, a Azul tenha esclarecido a notícia de que trabalhava com consultores financeiros, afirmando que não negociou qualquer acordo, a expectativa do mercado por desdobramentos nesta frente ainda continua. A Azul, ainda que tenha afirmado que até o momento não negociou nem aprovou qualquer transação específica, apontou também que está sempre atenta a possíveis oportunidades de parcerias – e analistas veem esse caso como uma oportunidade.

Para o Bradesco BBI, se a operação se concretizasse, seria uma transação totalmente baseada em ações com a emissão de papéis sem direito a voto para consolidar a GOL. A divisão de análise reforçou preferência pela Azul, classificada como outperform (performance acima da média, similar à compra), com preço alvo estabelecido em R$ 38,00, enquanto a Gol conta com recomendação underperform (performance abaixo da média, similar à venda) do banco, com preço alvo fixado em R$ 1.

“Na nossa visão, David Neeleman e a família Chieppe manteriam o controle da Azul, com 4% de participação econômica, abaixo dos 6%. As sinergias de fusão poderiam atingir de R$ 1,3 bilhão a R$ 1,7 bilhão por ano, adicionando R$ 11 a R$ 13 por ação da AZUL4 (totalmente diluída)”, destaca a análise.

“O mercado colhe um pouco das sinergias que podem ser capturadas”, comenta Ygor Araujo, analista de Transportes da Genial Investimentos, comentando a reação positiva para papéis das companhias na sessão de ontem. O especialista avalia que, embora haja certa sobreposição de rotas entre as companhias (33%), não é tão grande quanto o observado com a Latam (em torno de 67%). Isso permitiria que novas rotas fossem criadas para a Azul com a incorporação dos trajetos existentes da Gol.

De acordo com Araújo, seria possível que o Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica, órgão antitruste) atuasse em relação às rotas que contam com sobreposição, em especial considerando que não é um mercado com muitos outros competidores. Nesse caso, o analista explica que poderia ser necessário que a Azul vendesse alguma parte de operação da Gol nas rotas sobrepostas. É a mesma perspectiva apresentada pelo BBI, que considera que a autoridade antitruste seria favorável à aprovação do acordo sem grandes restrições.

Sobre o impacto para o consumidor, o analista da Genial explica que a maior concentração de mercado na mão de menos companhias, a princípio não é o melhor cenário. No entanto, se houvesse, por exemplo, a execução de garantias para tomada de aeronaves dentro do processo do Chapter 11 da Gol, isso seria mais sensível para o mercado que a venda para a Azul.

“Naturalmente, a longo prazo, uma companhia a menos não é tão positivo para o consumidor mas, talvez, no curto prazo, seja algo que ajude mais do que atrapalhe”, pondera Araújo.

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