Wall Street está preocupada com Carl Icahn

O bilionário investidor ativista Carl Icahn concede uma entrevista no programa de Neil Cavuto da FOX Business Network em Nova York, em 11 de fevereiro de 2014. REUTERS/Brendan McDermid/Foto de Arquivo

CEOs de empresas abertas temem Carl Icahn há muito tempo. O investidor, de 88 anos, construiu sua reputação e acumulou bilhões desafiando decisões e estratégias de líderes corporativos, além de ao promover mudanças em empresas como a Apple, RJR Nabisco e a Netflix.

No entanto, Icahn agora enfrenta intenso escrutínio dos investidores de Wall Street, que estão acelerando as vendas das ações de sua empresa. Nos últimos 18 meses, as ações da Icahn Enterprises, sua empresa de investimentos de capital aberto, sofreram uma queda de mais de 75%, o que resultou em uma perda de quase US$ 20 bilhões em valor. Depois de recuar mais de 30% somente desde meados de agosto, ela agora está sendo negociada por cerca de US$ 10,53 por ação, seu menor nível em mais de duas décadas.

Icahn detém aproximadamente 86% das ações, o que significa que ele sofreu uma perda pessoal de cerca de US$ 17 bilhões.

“Trata-se de uma questão de confiança, e ele perdeu a dos investidores”, afirmou Don Bilson, chefe de pesquisa orientada a eventos da Gordon Haskett Research Advisors, especializado em investimentos ativistas.

Alguns investidores de Wall Street temem que a queda contínua das ações possa comprometer a saúde financeira da empresa como um todo, o que a forçaria a vender empresas que possui. Conforme revelado em entrevistas com Bilson e diversos outros analistas de mercado, a Icahn Enterprises possui uma combinação de ações de empresas negociadas em bolsa, imóveis e outros investimentos.

Os investidores têm levantado dúvidas sobre se o próprio Icahn está vendendo suas ações. Ele fez empréstimos pessoais usando suas ações como garantia. Bancos que oferecem esses empréstimos geralmente têm exigências rigorosas relacionadas ao valor de uma empresa. Uma queda brusca no preço de uma ação pode forçar um credor a vendê-la.

Em uma entrevista concedida essa semana, Icahn disse que “não está vendendo de jeito nenhum”. Ele também afirmou que não houve chamadas de margem em empréstimos pessoais garantidos por suas ações. Chamadas de margem ocorrem quando um credor força um tomador de empréstimo a vender ações para liquidar um empréstimo. “Não prevejo chamadas de margem”, disse.

As ações da empresa de Icahn começaram a cair em maio de 2023, quando a Hindenburg Research, empresa de vendas a descoberto administrada por Nate Anderson, publicou um relatório questionando as finanças da Icahn Enterprises. Entre outras coisas, Hindenburg acusou a Icahn Enterprises de ter uma “estrutura econômica similar a um esquema Ponzi” e de pagar dividendos que não tinha como pagar. (Desde então, ele cortou os dividendos.) Ele também questionou o uso de empréstimos pessoais garantidos por ações por parte de Icahn.

Anderson afirmou em uma entrevista esta semana que acredita que as ações da Icahn Enterprises continuarão a cair. Ele continua mantendo uma posição a descoberto, apostando contra as ações. Segundo ele, o uso extensivo de empréstimos pessoais por Icahn continua a representar um risco para o futuro da empresa. “Ele tem muitas dívidas e precisa de dinheiro. Ele realmente se encurralou”, analisou. “Não há saída segura.”

Em abril de 2023, as ações da Icahn Enterprises eram negociadas por US$ 50 a US$ 55 cada.

No entanto, os investidores ficaram cada vez mais céticos em relação a Icahn após a divulgação do relatório Hindenburg, como demonstrado pela intensa liquidação das ações. A fuga das ações se intensificou depois que a empresa cortou seus dividendos em agosto daquele ano.

A pressão aumentou ainda mais desde o mês passado, quando a Comissão de Valores Mobiliários (SEC) o acusou de não revelar que havia pessoalmente empenhado suas ações como garantia para empréstimos de margem no valor de bilhões de dólares. O acordo estipulou que Icahn pagasse US$ 2 milhões em multas.

Desde então, as ações continuaram caindo. Alguns investidores expressaram preocupação de que Icahn possa ser obrigado a reduzir novamente seu dividendo trimestral.

Apesar da rápida queda no preço das ações, a Icahn Enterprises ainda é negociada com um prêmio em relação ao seu valor patrimonial líquido, que representa o valor das suas participações em empresas abertas, imóveis e empresas privadas, subtraído das dívidas e passivos. Muitas empresas de investimento de capital aberto são negociadas com desconto em relação ao valor patrimonial líquido, devido à expectativa de que algumas participações poderiam se desvalorizar se o gestor fosse obrigado a vendê-las.

Na Icahn Enterprises, Icahn detém a maior participação em certas empresas abertas, e algumas tiveram um desempenho ruim. As ações da CVR Energy, uma refinaria de petróleo sediada no Texas, por exemplo, recuaram mais de 30% no ano passado, e a Icahn Enterprises detém cerca de 65% das ações dela, uma das maiores participações da Icahn.

Na entrevista desta semana, Icahn chamou as declarações de Anderson sobre ele e sua empresa de “mentiras completas e extremamente enganosas”.

The post Wall Street está preocupada com Carl Icahn appeared first on InfoMoney.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.