Bastidores da saída de André Caramante da Record TV

Após dez anos integrando o Núcleo de Jornalismo Investigativo da Record TV, setor do qual era chefe de Redação desde 2019, André Caramante viu seu contrato ser rescindido pela emissora na última semana. E muito se especulou de que o motivo estaria relacionado ao comportamento dele no relacionamento com membros da equipe.

Os casos, segundo ouviu Jornalistas&Cia de colegas da emissora, cuja identidade aqui preservamos, seriam até bem mais antigos, datando inclusive do período em que ele atuou na Ponte Jornalismo, site especializado em Direitos Humanos que ajudou a fundar.

São citadas, entre as reclamações, casos de gritos, xingamentos, ameaças, humilhações, abuso de poder e agressões verbais e físicas, em especial o agarrão pelo pescoço de um repórter numa reunião de pauta, episódio que, segundo os colegas, teria sido notificado à direção de Recursos Humanos, sem que qualquer providência fosse tomada.

Outras reclamações entre os colegas referem-se à jornada de trabalho, como estendê-la sem necessidade ou interromper dias de folga, sempre seguidas de ameaças em caso de descumprimento.

Em nota, Caramante admite que sua postura enquanto gestor pode ter afetado o relacionamento com sua equipe, mas negou as denúncias de agressão e xingamentos. “A Record jamais toleraria agressão entre seus funcionários, ainda mais por dez anos. Não utilizo xingamentos ou gritos, tampouco dava feedback negativo na presença de outros profissionais. Minha demissão foi sem justa causa e não tive mais detalhes sobre as reclamações”.

Ainda segundo ele, na quarta-feira (11/9) foi chamado para uma reunião no RH da emissora. Na ocasião, foi informado da existência de reclamações sobre sua conduta e que isso estava em avaliação. No dia seguinte, a demissão foi concretizada.

Procurada, a Record não se pronunciou a respeito do caso. Caso se manifeste, voltaremos ao tema.

Confira a íntegra da nota enviada por André Caramante:

Na quarta-feira (11/9), fui chamado para uma reunião no RH da Record, na qual me disseram existirem reclamações de pessoas do meu time quanto à minha conduta como gestor e que isso estava sendo avaliado pela empresa. Um dia depois, fui demitido.

Segundo o que me foi dito pelo RH, as queixas eram de que eu era muito rígido, fazia as pessoas trabalharem demais e sempre estava insatisfeito. Veja, eles estão no direito deles de reclamar. Jamais iria contra isso, pois seria incoerente com o que defendo. O RH não citou nenhum caso específico, mas disse que a relação com parte da equipe estava desgastada.

Acredito que jornalismo investigativo tem como prioridade o rigor com o conteúdo a ser reportado ao público. Isso passa por uma apuração precisa, justamente por lidar com a vida e as histórias das pessoas. Sei que sou um profissional com uma postura muito séria, franca e direta, e tenho refletido sobre como essas características afetaram essa relação. No meio da tensão quase permanente de uma redação que produz tanto, a chance de possíveis ajustes se perdeu.

Sobre as publicações a respeito da minha demissão, só posso dizer que poderiam ter me ouvido. A Record jamais toleraria agressão entre seus funcionários, ainda mais por 10 anos. Não utilizo xingamentos ou gritos, tampouco dava feedback negativo na presença de outros profissionais.

Minha demissão foi sem justa causa e não tive mais detalhes sobre as reclamações.

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