Ataques fazem patamar de rejeição em SP superar recordes com baixo nível

Guilherme Boulos (PSOL), Pablo Marçal (PRTB), Ricardo Nunes (MDB), Tabata Amaral (PSB) e José Luiz Datena (PSDB). Foto: reprodução

As eleições em São Paulo têm sido palco de ataques agressivos durante os debates, com discursos inflamados e acusações que nem sempre têm base na realidade. A campanha já se diferencia pelo alto índice de rejeição dos principais candidatos, atingindo níveis superiores ao de outras capitais e ao histórico da própria cidade.

De acordo com a pesquisa Quaest divulgada recentemente, três candidatos se destacam com índices de rejeição superiores a 40%. José Luiz Datena (PSDB) lidera com 62% de rejeição, sendo alvo de críticas desde o início da corrida eleitoral. O clima acirrado atingiu seu ponto máximo quando Datena, apresentador de TV, desferiu uma cadeirada em Pablo Marçal (PRTB).

Esse não foi o único confronto entre os dois candidatos. Datena já havia ameaçado Marçal em outra ocasião, após provocações do ex-coach, que também tem atacado outros adversários desde o início da campanha. O resultado disso é um aumento significativo em seu índice negativo: Marçal é rejeitado por 45% dos eleitores, ficando tecnicamente empatado com Guilherme Boulos (PSOL), que tem 46% de rejeição.

A troca de acusações não para por aí. Marçal atacou Boulos, acusando-o de uso de drogas sem apresentar provas. O prefeito Ricardo Nunes (MDB), com 37% de rejeição, também embarcou nessa estratégia ao questionar se Boulos “cheirou” durante um debate. Boulos, por sua vez, chamou Nunes de “ladrãozinho de creche”, referindo-se a uma investigação da Polícia Federal sobre corrupção em creches.

Marçal e Datena lideram no crescimento da rejeição nos últimos meses. Desde a pesquisa da Quaest em julho, ambos subiram 16 pontos percentuais nesse índice. Tabata Amaral (PSB) também apresentou aumento, somando dez pontos, enquanto Boulos cresceu sete. Já Nunes manteve sua rejeição praticamente estável, saindo de 34% para 37%.

Índice de rejeição entre os candidatos à prefeitura de São Paulo. Foto: reprodução

Comparando com as eleições passadas, a atual situação se mostra mais tensa, conforme informações do Globo. Em 2020, o candidato com maior rejeição, Celso Russomanno, tinha 38%, um percentual próximo ao de Nunes e Tabata atualmente. Naquele período, Guilherme Boulos contava com quase metade da rejeição que possui hoje, em torno de 24%.

Outras capitais e a discrepância em São Paulo

A situação em São Paulo destoa da realidade de outras capitais. No Rio de Janeiro, o candidato mais rejeitado é Cyro Garcia (PSTU), com 49%, um concorrente com pouca relevância no cenário principal da campanha. Tarcísio Motta (PSOL) é o único entre os principais nomes que tem rejeição acima de 40%, enquanto Eduardo Paes (PSD) e Alexandre Ramagem (PL) mantêm índices bem mais baixos: 28% e 36%, respectivamente.

Em Belo Horizonte, o cenário é semelhante. Mauro Tramonte (Republicanos) e Fuad Noman (PSD), favoritos na disputa, possuem rejeições de 36% e 28%, indicando uma rejeição menos intensa em comparação com os principais nomes em São Paulo.

Baixo nível dos debates em São Paulo

O clima tenso nos debates de São Paulo vai além das agressões físicas. Pablo Marçal tem utilizado apelidos provocativos para os adversários, como “bananinha” para Nunes, “Boules” para Boulos, “Dapena” para Datena e “Chatábata” para Tabata Amaral.

Em um dos debates, ao provocar Boulos com uma carteira de trabalho, houve uma reação do candidato do PSOL, resultando em um tapa para derrubar o objeto. O clima conturbado levou Nunes, Datena e Boulos a se ausentarem de um encontro promovido pela revista “Veja”, visando evitar a promoção de confrontos desnecessários com Marçal.

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