Na lama com Marçal, Nunes põe as asinhas fascistas de fora

Nunes no programa do bolsonarista foragido Paulo Figueredo

Ricardo Nunes (MDB), atual prefeito de São Paulo, tem adotado uma postura mais alinhada ao bolsonarismo em sua campanha à reeleição, o que pode representar um risco significativo. Apesar de Nunes não ser considerado um bolsonarista autêntico, sua recente aproximação a Jair Bolsonaro, incluindo a defesa do ex-presidente e de aliados como Filipe Martins, além das críticas ao ministro Alexandre de Moraes, levanta dúvidas sobre a eficácia dessa estratégia.

Ao buscar o apoio do eleitorado de extrema-direita, especialmente dos seguidores do ex-presidente Bolsonaro, Nunes se encontra em uma posição delicada. Apesar de São Paulo ter uma parcela significativa de eleitores que simpatizam com o ex-presidente, a cidade também rejeita o bolsonarismo em igual medida. Na eleição presidencial de 2022, Bolsonaro foi derrotado por Lula na capital paulista, e Tarcísio de Freitas, atual governador, perdeu para Fernando Haddad. Esses resultados evidenciam uma clara divisão.

As pesquisas recentes indicam que Nunes e Pablo Marçal (PRTB) estão disputando o voto bolsonarista. Nos levantamentos espontâneos, os dois candidatos estão praticamente empatados, com Marçal ligeiramente à frente. Mesmo com o desgaste do ex-coach após a cadeirada no debate da TV Cultura, a competição pelos fascistas continua intensa.

Contudo, ao tentar consolidar-se como um nome forte entre os bolsonaristas, Nunes pode alienar o eleitorado moderado, que tem sido crucial em sua trajetória política, especialmente após ter sido catapultado à prefeitura da maior cidade do país com a eleição de 2020 como vice de Bruno Covas (PSDB), morto de câncer em 2021.

Nunes sempre buscou manter distância de posturas ideologicamente polarizadas. Sua recente entrevista com o foragido Paulo Figueiredo, um boçal neto do último general da ditadura, pode ter agradado uma parcela do eleitorado, mas causou desconforto em outra. Nunes declarou ser “pró-vida desde a concepção” e posicionou-se como um defensor ardoroso de valores “cristãos”.

Falou sobre ter “humildade” para reconhecer um suposto erro ao apoiar a obrigatoriedade da vacinação contra a Covid-19 e não ter “nada contra” o voto impresso, uma pauta dos bolsonaristas para alegar fraudes, que nunca foram comprovadas. Alegou que está fazendo “um esforço importantíssimo para não deixar, de jeito nenhum, uma semente do comunismo” na cidade.

Além disso, defendeu a anistia dos presos pelo ato golpista de 8 de janeiro de 2023 e não reprovou os anseios bolsonaristas que pedem o impeachment do ministro Alexandre de Moraes, baseado na série de matérias cascateiras da Folha de S.Paulo contra Moraes. Nem a Folha deu seguimento àquele lixo.

Tais posicionamentos, embora possam atrair os mais ardorosos bolsonaristas, podem ser um obstáculo em um momento em que sua campanha precisa de apoio de eleitores de diversas ideologias.

As pesquisas da Quaest e do Datafolha indicam que Nunes ainda é favorito para ir ao segundo turno contra Guilherme Boulos (PSOL), mas sua inclinação à extrema-direita pode complicar esse caminho.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.