A morte prematura de Marçal é um desastre. Por Moisés Mendes

O candidato à Prefeitura de SP Pablo Marçal – Foto: Reprodução

Pablo Marçal deveria ter a chance de disputar o segundo turno em São Paulo. Para o bem da democracia e para que as esquerdas sobrevivam na maior cidade do país.

A pesquisa Datafolha dessa quinta-feira mostra que será difícil. Ricardo Nunes tem 27%, Guilherme Boulos ficou com 26% e Marçal estacionou nos 19%.

O ex-coach, dado como morto prematuramente, está cada vez mais longe do segundo turno e de ser testado no que importa, que é a segunda e decisiva rodada de uma eleição.

Marçal deveria ir para o segundo turno não só porque essa é a única chance de vitória para Guilherme Boulos, como mostra o mesmo Datafolha e veremos mais adiante.

O candidato do PRTB deve ir para o segundo turno para passar pelo teste que Bolsonaro passou em 2022, ao manter a habilitação para concorrer e ser derrotado por Lula. Bolsonaro poderia ter sido cassado pelo TSE, se duas ações contra ele e Mourão tivessem sido vitoriosas.

O tribunal amarelou e manteve Bolsonaro na disputa, na mais sábia das decisões antes da eleição. Se tivesse ficado de fora, por condenação por delitos eleitorais em 2018, o sujeito diria até hoje que havia sido tirado de uma disputa que o reelegeria.

Bolsonaro foi derrotado, tentou um golpe e fracassou também como golpista. Marçal deveria ser o candidato da extrema direita no segundo turno, para se submeter ao mesmo teste e para que duas derrotas pudessem ser impostas ao fascismo.

A primeira derrota seria o fracasso de Ricardo Nunes, o candidato que Bolsonaro esnobou, mas que é uma figura decisiva para a sobrevivência do bolsonarismo.

A segunda derrota seria a vitória de Boulos, a única vitória provável para ele, segundo a pesquisa. O candidato do PSOL teria 50%, e o ex-influencer, 36%.

O candidato à Prefeitura de SP Guilherme Boulos – Foto: Reprodução

Porque o enfrentamento Boulos x Nunes só interessa à direita. Nunes venceria por 52% a 37%. O mesmo Nunes venceria Marçal por goleada de 60% a 25%.

Por óbvio, desde as primeiras pesquisas, Boulos deveria torcer para enfrentar Marçal. Mas Marçal está cada vez mais fora do segundo turno, com rejeição de 47%.

O Datafolha mostra que, num segundo turno com o ex-coach, Boulos teria 66% dos eleitores de Tabata e 59% dos que vão votar em Datena no primeiro turno. Dos eleitores de Nunes, 38% iriam para Boulos e 41% para Marçal. É quase empate.

Ficando pelo caminho, Marçal nos tira o direito de vê-lo numa disputa para valer, de segundo turno, contra Boulos. A democracia seria testada pela mais recente configuração do fascismo, com chance de esmagá-lo. O risco de enfrentar um bandido teria valido a pena.

O embate Boulos x Nunes é o que, pelas pesquisas, apresenta o resultado mais previsível e o que promove estragos duradouros no PT, no PSOL, em Lula e em tudo que possa ser considerado progressista.

Esse duelo salva Bolsonaro, que vai se atirar nos braços do cara que ele esnobou, e fortalece o principal padrinho de Nunes, o governador Tarcísio de Freitas. A morte prematura de Marçal, antecipada pelo Datafolha, é um desastre.

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