Clientes denunciam agência por viagem frustrada a Cabo Frio; Polícia Civil investiga o caso

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Entre as vítimas da viagem frustrada estavam duas crianças que iriam à praia pela primeira vez (Foto: Reprodução/redes sociais)

Cerca de dez pessoas de Juiz de Fora que fizeram planos de passar o último fim de semana em Cabo Frio (JF), na Região dos Lagos, tiveram a viagem frustrada após o não comparecimento de transporte e a falta de qualquer satisfação da agência de turismo contratada. Os clientes, que pagaram pelo menos R$ 300 cada, ficaram aguardando, das 23h de sexta-feira (20) à 1h de sábado, pelo embarque marcado na Praça do Riachuelo, no Centro da cidade. Entre eles estavam duas crianças, de 4 e 6 anos, que iriam conhecer uma praia pela primeira vez, junto com os pais. Após a repercussão do caso nas redes sociais, um grupo no WhatsApp já reúne quase 25 pessoas com queixas referentes à mesma empresa, que afirma ter experiência de 10 anos, em seu perfil no Instagram. De acordo com a Polícia Civil, o caso está sendo investigado pela 7ª Delegacia.

Além do boletim de ocorrência registrado pelas vítimas do passeio a Cabo Frio junto à Polícia Militar, um advogado de Santos Dumont entrou diretamente no Juizado Especial Criminal após a mesma agência não ter cumprido a viagem combinada neste mês ao Rock in Rio. Já uma jornalista, 27, teve uma experiência malsucedida na Semana Santa, em março, quando, segundo ela, a maioria do grupo de 15 pessoas teve que voltar de um resort em Angra dos Reis, no estado fluminense, porque a reserva não teria sido feita. Ela conseguiu ficar com o namorado porque, além dos R$ 4 mil pagos antecipadamente, o casal pagou mais R$ 6 mil para a hospedagem. Todo o dinheiro, entretanto, foi ressarcido na semana seguinte, conforme ela. Uma viagem anterior a Búzios, no fim do ano, e um bate e volta para Grumari, no Rio, tinham sido exitosos, assim como um tour em Petrópolis, de acordo com a vítima.

“Como não tivemos experiência negativa, ela nos passou total confiança”, avalia a jornalista, sobre a mulher, 41, responsável pela agência. “Fomos tranquilos (para Angra). Mas quando chegamos, percebemos que estava demorando a fazer o check in. Primeiro, ela pediu R$ 32 mil emprestados, porque o dinheiro estaria travado no banco. Mas ninguém tinha esse dinheiro. E por que ela não tinha feito a reserva antes, se pagamos?” A jornalista chegou a dizer que tinha um tio advogado e sentiu apreensão por parte da suspeita. Outras duas pessoas conseguiram passar o fim de semana no resort, mas as demais retornaram.

“A expectativa era muito grande, porém esse contratempo nos deixou baqueados, ficou aquela preocupação se ela iria devolver o dinheiro. Era para a gente descansar, mas ficamos esgotados emocionalmente.” Planos futuros do casal também estão ameaçados. “Tínhamos uma viagem programada para Búzios em novembro, mas já entramos em contato com a pousada, e não tem reserva. Então estamos preocupados, porque pode ser um dinheiro perdido.”

Viagem ao Rock in Rio

Em agosto, o advogado de Santos Dumont, 24, contratou traslado com a mesma agência para ir e voltar do Rock in Rio em 15 de setembro, com mais três pessoas, pelo valor total de R$ 600. “Mandei o sinal antes, e o restante, na semana da viagem. Chegando no dia, em Juiz de Fora, estava marcado para sair às 8h, mas ela falou que ia atrasar e sair às 8h30. Entendi como imprevisto, mas depois atrasou novamente e, até umas 10h, tive que ficar ligando frequentemente para ela. Por volta das 10h ela chegou (na Praça do Riachuelo) e alegou que não estava conseguindo contato com o suposto cara da van, só com outras, mas que ela não conseguiria arcar com o montante.” A mulher ainda teria feito a proposta de irem de ônibus interestadual para ela conseguir transfer na volta, mas o grupo desistiu “devido ao total despreparo e falta de confiança”, pedindo reembolso do dinheiro.

A partir dali, as quatro pessoas tiveram que contratar um motorista por R$ 1 mil para conseguirem chegar ao evento, mas o retorno foi antes do horário desejado. “Saímos de Santos Dumont às 6h30 e só conseguimos ir para o Rio ao meio-dia, com o evento marcado para começar às 14h. Fomos totalmente prejudicados. Corri atrás dos meus direitos. Em se tratando de empresa, ela tem responsabilidade objetiva sobre os consumidores, então responde pelos atos cometidos.” A ação é por dano material e moral. “Ficamos totalmente desamparados e desanimados, porque tínhamos planejado há mais de um mês.”

Influenciadora fez divulgação em troca de viagem

Uma influenciadora digital, de 29 anos, fez planos para passar o último fim de semana em Cabo Frio com o namorado e o casal de amigos que iria levar os dois meninos, de 4 e 6 anos. “Eles iriam conhecer a praia pela primeira vez, ficaram chorando frustrados.” Os pais tiveram que arranjar outra excursão às pressas e partiram para o litoral no domingo, segundo ela.

Já a influencer, não obteve o retorno de seu trabalho de divulgação da mesma viagem nas redes sociais. Antes disso, uma visita ao Cristo Redentor, no Rio, já havia sido cancelada. “Fechamos parceria no meio do ano, combinando a permuta. Na vez do Rio, ela disse que não havia tido procura suficiente e que o tempo estava ruim, mas vi vários amigos postando o dia maravilhoso. Desta vez, confirmei tudo certinho, e minha amiga comprou. Mas na quinta, ela (suspeita) não estava respondendo direito as mensagens. Às 18h de sexta, o telefone já estava desligado. Mesmo assim, tivemos esperança de que na hora ela apareceria.” A ausência de reserva na pousada combinada e de contrato com o motorista parceiro confirmaram o possível golpe. “Ela nos enganou, as pessoas haviam se programado. Queremos que ela devolva o dinheiro para quem pagou e que não faça isso com mais ninguém.” Conforme a influencer, a mesma agência tem uma viagem planejada semana que vem para São Thomé das Letras (MG).

Uma assistente administrativa, 27, também pretendia passar sábado e domingo em Cabo Frio com uma amiga. “Os feedbacks sempre eram positivos (nas redes sociais), e nunca imaginei que ela poderia dar esse golpe na gente. Paguei R$ 300, já tinha o nome da pousada. Mas até 1h de sábado ela não compareceu. Eram 10 pessoas, sendo que duas não conheciam praia, então ficou uma situação muito chata.” Ela reiterou que, desde às 18h de sexta, a suspeita não respondeu mais as mensagens e nem atendeu telefonema. Assim como a pousada não havia sido reservada pela agência, como combinado. “No sábado fui até o endereço dela, mas disseram que ela havia mudado há uns 20 dias.” Além do prejuízo financeiro, ficou a frustração. “Para a gente que trabalha é difícil conseguir um final de semana de descanso. E sonhos foram quebrados, porque duas crianças iam conhecer a praia.”

Investigação

De acordo com a Polícia Civil, o caso está sendo investigado pela 7ª Delegacia. “Há um registro de ocorrência envolvendo a referida empresa em possível crime de estelionato, cuja ação penal é pública condicionada à representação da vítima, conforme determinação legal, para a instauração de inquérito policial”, destacou a instituição, sobre a necessidade de que as vítimas, além de registrarem o BO, devem comparecer à delegacia para a representação. “A PCMG orienta que todo cidadão lesado procure uma delegacia de polícia mais próxima de sua residência, munido das provas e/ou documentos que poderão subsidiar a investigação, para o devido registro dos fatos e proposição da representação criminal, a fim de que as medidas legais cabíveis sejam adotadas.”

A Tribuna tentou contato com a agência de turismo denunciada e com a suposta responsável, mas não obteve retorno até o fechamento desta matéria. O espaço segue aberto à manifestação.

 

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