Caso Gusttavo Lima: fim da farra sertaneja está próximo

Gusttavo Lima, Gilmar Mendes e os Barões da Pisadinha: o fim da farra está próximo. Fotomontagem

A Justiça de Pernambuco decretou nesta segunda-feira (23) a prisão do cantor sertanejo bolsonarista Gusttavo Lima, no âmbito da mesma operação que prendeu a influenciadora e advogada Deolane Bezerra.

Paralelamente, a mesma Justiça, em Brasília, através de decisão do ministro Gilmar Mendes, do STF, determinou o fim da censura às reportagens do DCM sobre o suposto esquema da deputada estadual Janad Valcari, nas quais o repórter Vinícius Segalla demonstrou que a bolsonarista faturou R$ 23 milhões de dinheiro público com prefeituras através de shows da banda “Barões da Pisadinha”.

Vale lembrar que, enquanto a extrema-direita protesta ao ver qualquer artista se valendo da Lei Rouanet para exercer seu ofício, o Diário do Centro do Mundo, desde pelo menos 2021, vem denunciando a promiscuidade entre o Poder Público e essa ala que tomou de assalto as rádios e os serviços de streaming de música, às custas de muitos investimentos, com recursos nem sempre lícitos.

Mais recentemente, tornaram-se públicas tanto a relação entre alguns artistas, entre eles Lima, e as empresas de apostas, quanto os possíveis elos entre elas e o crime organizado. A Vai de Bet é uma das investigadas na mesma Operação Integration e seu proprietário, José André da Rocha Neto, era um dos presentes na festa milionária promovido pelo cantor em um iate de luxo em Mykonos.

José André da Rocha Neto, dono da “Vai de Bet”, com o cantor Gusttavo Lima em Mykonos, na Grécia. Reprodução

O segmento das bets sempre pode contar com o silêncio ou o apoio da grande mídia, destinatária de grande parte da fortuna destinada ao marketing de seus sites. De acordo com estudo recente do Banco Itaú, essas empresas juntas gastam entre R$ 5,5 bilhões e R$ 8,8 bilhões anualmente com propaganda e ações de marketing.

Apesar dos casos do cantor Gusttavo Lima e da banda Barões da Pisadinha não terem uma ligação direta objetiva, ambos compartilham o mesmo pano de fundo: as relações nem sempre transparentes entre artistas, políticos e esquemas ilícitos. O governador de Goiás, Ronaldo Caiado, por exemplo, era um dos convidados da festa no Mar Egeu.

Decisões  como a de hoje, tanto em Pernambuco quanto em Brasília, apontam para uma menor tolerância aos abusos de empresários e artistas que aumentaram sua influência, popularidade e, sobretudo, suas contas bancárias durante os anos Bolsonaro. O zeitgeist (espírito do tempo) sinaliza que a farra está acabando.

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