“Dra Pix”: candidata de SC é denunciada na PGR após reportagem do DCM

Liliane Fontenele: advogada defensora do golpismo e dançarina de funk nas horas vagas (crédito: reprodução)

A advogada Liliane Fontenele, conhecida como “Doutora Pix”, candidata a vereadora (PL-SC) no município de Itajaí, no litoral de Santa Catarina, foi denunciada pela Procuradoria-Geral da República ao STF (Supremo Tribunal Federal). É o que mostram os autos do processo – que corre sob sigilo – sob coordenação do ministro Alexandre de Moraes por crimes contra a democracia brasileira, aos quais o DCM teve acesso.

A denúncia vem na esteira da “Operação Lesa Pátria”, da Polícia Federal, que identificou pessoas que incitaram, participaram e bancaram os atos do dia 8 de janeiro de 2023, em Brasília.

Ao longo das investigações, foram apreendidos documentos, um telefone celular e um notebook da advogada, tanto em sua casa como em seu escritório. A advogada já havia, também, sido encaminhada à sede da PF para prestar depoimento.

:: Leia mais: “Dra Pix”, que organizou viagem golpista no 8 de Janeiro, é alvo de operação da PF após denúncia do DCM ::

A imagem abaixo traz o rosto da denúncia, com uma tarja que foi colocada pela fonte para preservar seu nome, posto que o processo corre sob sigilo.

Denúncia contra a “Dra. Pix”, candidata a vereadora em Itajaí (SC), por atos atentatórios à democracia (crédito: STF)

Conforme o DCM revelou em uma série de reportagens, a “Dra. Pix” (que ganhou este apelido inicialmente por autoria do colunista político local conhecido como JotaCê)  se notabilizou por usar sua própria conta bancária e realizar pagamentos via PIX para o financiamento da caravana de manifestantes golpistas que foram de Santa Catarina a Brasília e invadiram as sedes dos Três Poderes. Parte dos que viajaram na excursão golpista patrocinada pela advogada encontram-se presos na Papuda e na Colmeia até hoje.

Em janeiro deste ano, Ministério Público de Santa Catarina recebeu uma notícia-crime contendo um relatório que aponta as atividades golpistas praticadas por políticos, empresários e advogados do estado desde a derrota de Jair Bolsonaro (PL) nas eleições do ano passado.

Os dados e as provas foram compilados pela assessoria jurídica da direção municipal do PT de Itajaí, que tomou a iniciativa de fazer uma investigação própria – com base em bancos de dados e informações públicas – diante da inação das autoridades de fiscalização e controle locais, que assistiram passivamente ao funcionamento de um acampamento em área pública na cidade e à conspiração para atos de violência e atentado à democracia.

Assim, a Procuradoria-Geral da República, agora, denuncia a candidata por, entre outros atos, “incitar publicamente as Forças Armadas contra os Poderes Constitucionais”.

Dra Pix: segundo a PGR, ela incitou as Forças Armadas contra a democracia (crédito: STF)

Marcelo Saccardo Branco, então advogado do PT que assinou as primeiras denúncias, e atualmente no posto de conselheiro tutelar de Bombinhas (SC), afirma que “nossa iniciativa de denunciar os inimigos da democracia está surtindo efeito. As tentativas de golpe permanecem até hoje, e nós não meditemos esforços para continuar denunciando quem quer implantar a ditadura no Brasil”.

Já segundo Gerd Klotz, presidente do Partido dos Trabalhadores em Itajaí, ressalta que “o PT ingressou com várias ações contra as lideranças dos acampados golpistas, entre eles esta advogada”. Ele observa ainda que, “inclusive, a denunciamos junto à OAB e lamentamos profundamente que esta entidade de classe dos advogados do Brasil até o momento nada fez para punir sua associada, uma vez que suas ações afrontaram o Estado Democrático de Direito”.

Ele conclui afirmando lamentar “que a Justiça Eleitoral não tenha ainda definido critérios mais rígidos para impedir candidaturas de pessoas que flagrantemente se envolveram em crimes, no caso, crimes contra a ordem política e social. Defendemos uma ampla reforma política que impeça candidaturas deste naipe e que assegurem um clima de tranquilidade e combata os discursos de ódio nos pleitos eleitorais”.

Curiosamente, ao mesmo tempo em que propaga a autoimagem de candidata cristã e portadora dos valores da família tradicional, Fontenele é amante do funk e suas letras e danças sexualizadas.

A advogada mantinha uma conta na rede Tik Tok apenas apresentando coreografias sexuais , mas a retirou do ar assim que o DCM informou sobre seu hobby peculiar. O vídeo abaixo foi preservado pela reportagem.

Empresária que pediu que pobres não deixem de ser motoboy do Ifood também é denunciada

A empresária Adriana Keller (dir): em 2018, ela não renegou o resultado das eleições (crédito: reprodução/Facebook)

Também foi denunciada a empresária Adriana Keller. Ela nunca precisou receber o Bolsa-Família. Ela e sua família, os Keller de Itapema (SC), são conhecidos donos de incorporadoras imobiliárias e empresas de crédito em Santa Catarina. Ela prória figura como proprietária em algumas delas (outras estão em nome de seus irmãos e outros parentes).

Na organização dos atos golpistas gestados em Santa Catarina, Adriana Keller agiu como braço direito de Liliane Fontenele. Organizou a excursão golpista a Brasília, os grupos de Whatsapp e o financiamento da tentativa de golpe de Estado, conforme apontam as provas contidas no relatório entregue à promotoria catarinense.

No dia 8 de janeiro deste ano, em meio à euforia que sentia pela invasão e depredação dos prédios da República, ela teve que lidar com a descoberta de uma “infiltrada comunista” em um dos grupos de Whatsapp que administrava. E, então, irritou-se, gritou, mostrou quem é.

Em mensagem de áudio enviada ao grupo, reclamou que pessoas como aquela infiltrada deveriam estar trabalhando com Uber ou como motoboy do Ifood, mas, graças ao programa Bolsa-Família (pago ao Brasil todo por “pessoas do Sul”, como ela, Adriana), tinham abandonando seus empregos, deixando a empresária carente dos serviços de que gostaria de usufruir. Ouça reprodução abaixo, copiada pela reportagem dentre as diversas gravações contidas no relatório que está em posse do Ministério Público de Santa Catarina.

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