O papel das pesquisas

A queda da popularidade do presidente Lula, apresentada na recente pesquisa Genial/Quaest, não é necessariamente uma surpresa, pois, após um ano de mandato, os governantes tendem a sofrer desgastes naturais por diversas razões. A oscilação dos números pode, no entanto, ser vista tanto como um desafio quanto uma oportunidade, cabendo ao dirigente entender qual estratégia deve ser adotada.

Durante a campanha, é comum fazer promessas cuja execução demanda tempo. Servem bem para os palanques, mas acabam sendo um problema para os primeiros anos da gestão, sobretudo quando não são implementadas. O eleitor, ao se deparar com a realidade, tende a mudar suas expectativas, que são refletidas nos números das pesquisas. É natural que a lua de mel com o eleitor arrefeça em tais cenários.

No entanto, no caso em questão, é mister contextualizar a pesquisa em diversas dimensões. As condições sociais do país, a despeito dos muitos e importantes avanços, ainda têm um expressivo passivo a ser resolvido, assim como inflação, desemprego e questões fiscais. Cabe ao Governo apontar o que está sendo feito e quais metas a serem cumpridas a partir de seus próprios projetos.

A economia, por exemplo, passa por uma fase estável, e a inflação se mostra dentro das expectativas, mas as ruas – a despeito da aprovação – ainda sabem pouco sobre a reforma tributária e as suas consequências. O brasileiro tem uma visão pessimista quando se trata de tributos por tê-los em demasia e com um retorno abaixo do que é pago sistematicamente. Responder às preocupações dos cidadãos, alinhar políticas públicas conforme as necessidades e comunicar de forma eficaz são aspectos cruciais para recuperar ou sustentar a popularidade.

Os números são pedagógicos quando apurados com rigidez científica, pois produzem informações importantes para correções. Daí, avaliar esses dados não é apenas prudente, mas essencial.

Um ponto importante que é possível encontrar em pesquisas é onde estão as fragilidades da gestão. É uma forma eficaz para evitar investimentos em áreas que não demandam tantas ações, enquanto outras carecem de maior respaldo. As ruas dão sinais frequentes aos governantes.

Trabalhar apartado do sentimento popular é um risco, sobretudo quando se atua sem o acompanhamento de dados. O entorno do poder é pródigo em apresentar informações que não condizem com a realidade apenas para alimentar seus interesses. Pesquisas bem elaboradas são ferramentas importantes para correção.

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