
O Primeiro Comando da Capital (PCC), a maior organização criminosa do Brasil, está presente não apenas em todos os estados do país, mas também em várias regiões da América do Sul, Europa e África. Com informações do Estadão.
A facção tem diversificado suas estratégias de lavagem de dinheiro, incluindo o uso de fintechs e até o sequestro de contratos públicos, em atuação que se assemelha à máfia italiana ‘Ndrangheta.
O tráfico de drogas continua sendo a principal fonte de receita do PCC, com o Porto de Santos destacando-se como a principal rota de exportação para cargas ilegais. Para driblar a fiscalização, táticas mais elaboradas estão sendo implementadas, como o transporte de cocaína nos cascos de navios, com uso de mergulhadores que atuam durante a madrugada.
Segundo o Ministério Público de São Paulo (MP-SP), o PCC lucra cerca de US$ 1 bilhão por ano. As drogas são adquiridas principalmente de países vizinhos, como Bolívia e Peru, e têm a Europa como destino principal, embora rotas alternativas também tenham se expandido.

Diante dos esforços de fiscalização, o PCC está explorando novas caminhos, como envio de cargas para Austrália, Hong Kong e Cingapura por meio de navios. Em resposta, desde o último mês, todos os contêineres saindo do porto paulista com esses destinos devem passar obrigatoriamente por scanners.
O governo federal implementou em novembro do ano passado uma operação de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) em portos e aeroportos, incluindo o de Santos. A força-tarefa mobiliza militares e recursos de segurança para combater a expansão do crime organizado.
“O tráfico internacional fez o PCC subir de patamar: de uma pequena facção, que começou nos anos 1990, para uma organização criminosa com matiz do tipo mafiosa. Seja pela sua divisão de funções em vários setores, por ser transnacional ou já ter infiltração nos poderes do Estado”, disse o promotor de Justiça, Lincoln Gakiya.
O fortalecimento do PCC, juntamente com outras facções, impacta diretamente a sociedade, resultando em prejuízos financeiros à população. De acordo com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), as empresas brasileiras gastam cerca de R$ 171 bilhões anualmente para tentar evitar episódios de violência, conforme revelado no Atlas da Violência do Estadão.