“Eu chorando, Lula? Você não me conhece”, diz opositora impedida de concorrer na Venezuela

Uma declaração do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre a disputa política na Venezuela, na quarta-feira (6), despertou reações no país vizinho e envolveu o líder brasileiro em uma nova polêmica na cena internacional.

Depois de celebrar a definição de uma data para a eleição presidencial na Venezuela, que acontecerá no dia 28 de julho, Lula foi questionado sobre a perseguição a opositores do regime de Nicolás Maduro.

A principal liderança da oposição ao governo, María Corina Machado, foi inabilitada para cargos públicos por 15 anos pelo Supremo Tribunal de Justiça da Venezuela (TSJ), totalmente controlado pelo regime chavista. Com isso, ela está impedida de disputar as eleições.

Em entrevista concedida ao lado do primeiro-ministro da Espanha, Pedro Sánchez, Lula não citou o nome de María Corina, mas comparou a situação à do próprio petista, que ficou inelegível em 2018 – condenado por corrupção no âmbito da Operação Lava Jato – e não pôde disputar o Palácio do Planalto.

“Aqui neste país eu fui impedido de concorrer nas eleições de 2018. Ao invés de ficar chorando, eu indiquei um outro candidato, que disputou as eleições”, afirmou Lula. “Na Venezuela, estão marcadas as eleições para o dia 28 de julho. Agora, a pergunta é se a eleição vai ser honesta ou não. Eu espero que as eleições sejam as mais democráticas possíveis”, completou.

As declarações de Lula repercutiram de forma imediata na Venezuela. Em uma mensagem publicada em sua conta oficial no X (antigo Twitter), a líder da oposição a Maduro subiu o tom contra o presidente brasileiro.

“Eu chorando, presidente Lula? Você está dizendo isso porque sou mulher? Você não me conhece. Luto para fazer valer o direito de milhões de venezuelanos que votaram em mim nas primárias e dos milhões que têm o direito de fazê-lo numa eleição presidencial livre em que derrotarei Maduro”, escreveu Corina.

“Você está validando os abusos de um autocrata que viola a Constituição e o Acordo de Barbados que afirma apoiar. A única verdade é que Maduro tem medo de me confrontar porque sabe que o povo venezuelano está hoje na rua comigo”, completou.

Em 2018, Lula foi condenado a 12 anos de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. As condenações foram anuladas pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em 2021, pois o tribunal entendeu que o ex-juiz Sergio Moro era incompetente e parcial para julgar o caso. Com as decisões do STF, Lula recuperou os direitos políticos, se candidatou à Presidência em 2022 e foi eleito.

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