Aliado de prefeito acusado de ligação com PCC, Tarcísio deve explicação sobre sua PM na morte em Guarulhos

Tarcísio e o aliado Ney Santos, prefeito de Embu acusado de acumular patrimônio milionário com tráfico de drogas e outros crimes para o PCC

No dia do segundo turno das eleições para a prefeitura de São Paulo, o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) fez um comentário cirminoso sobre o envolvimento do PCC com Guilherme Boulos (PSOL), adversário de seu aliado, o prefeito Ricardo Nunes (MDB).

Tarcísio lançou a fake news de que a facção criminosa havia instruído votos em Boulos. Nunca provará nada e o TRE-SP já avisou que essas palavras são penas de travesseiro ao vento, ou coisa parecida.

O que há de concreto, mesmo, é o envolvimento da PM de Tarcísio na morte do empresário Antônio Vinicius Lopes Gritzbach, ocorrida em pleno Aeroporto Internacional de Guarulhos.

O melhor que o governador paulista produziu até agora foi uma bravata. “Tudo indica que a ação criminosa ocorrida hoje no Aeroporto de Guarulhos está associada ao crime organizado [Não diga!]. Todas as circunstâncias serão rigorosamente investigadas e todos os responsáveis serão severamente punidos. Reforço meu compromisso de seguir combatendo o crime organizado em São Paulo com firmeza e coragem”, escreveu em suas redes sociais.

A descrição das circunstâncias que cercam a segurança de Gritzbach é quase irônica. Os policiais encarregados de sua proteção relataram em depoimento que um dos carros usados para transportá-lo teve problemas na ignição. Pode rir.

Curiosamente, outro veículo teve que deixar um dos seguranças em um posto de gasolina para liberar espaço para o empresário e sua namorada, que retornavam de Maceió, o que resultou na chegada tardia dos PMs ao local do assassinato.

Gritzbach, que havia denunciado esquemas criminosos ao Ministério Público e estava marcado para morrer pelo Primeiro Comando da Capital (PCC), contratou quatro policiais militares para sua segurança. Leandro Ortiz, Adolfo Oliveira Chagas, Jefferson Silva Marques de Sousa e Romarks César Ferreira de Lima, agora sob investigação do Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP), foram afastados de suas funções.

A TV Globo obteve acesso aos depoimentos de dois dos policiais, os soldados Jefferson e Adolfo, que detalharam a cronologia dos eventos antes do assassinato. A equipe se dividiu em dois carros blindados e enfrentou uma série de contratempos que culminaram no atraso crucial que deixou Gritzbach exposto ao ataque fatal. Incrível tantas coisas erradas ocorrerem ao mesmo tempo. É o que Jung chamaria de sincronicidade.

O soldado Adolfo, que foi “convidado” a prestar serviços para Gritzbach em 2023, disse que inicialmente desconhecia a identidade do empresário e sua conexão com o crime organizado. A revelação veio somente após nove meses, através de comentários nas redes sociais.

Jefferson também alegou ter começado a trabalhar para Gritzbach sem conhecer seu passado, descobrindo posteriormente, através das redes sociais, que ele estava sendo investigado por lavagem de dinheiro.

A festa da vitória de Nunes, reeleito na capital, contou com a presença de um aliado de Tarcísio que é réu por lavagem de dinheiro e acusado pelo Ministério Público de São Paulo (MPSP) de acumular um patrimônio milionário fruto do tráfico de drogas e outros crimes para o PCC, como roubo a banco.

Colega de partido de Tarcísio, o prefeito de Embu das Artes, Ney Santos, subiu no palco do Clube Banespa, deu um abraço em Nunes e desejou-lhe parabéns. Eles posaram para uma foto ao lado do sucessor de Santos em Embu, Hugo Prado (Republicanos).

Um ano antes, Tarcísio e Ney participaram de uma gravação comovente. “Ney, muito obrigado por trazer as demandas de Embu das Artes. Com certeza a gente vai ter o maior carinho, vamos trabalhar juntos”, disse Tarcísio na postagem em suas redes sociais.

“Tenho certeza que Embu das Artes já decidiu: é governador Tarcísio de Freitas 10”, respondeu Santos, sugerindo o voto no então candidato ao governo paulista. Trabalharam muito bem juntos, como se vê. 

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