Bolsonaro escreve na Folha que defende a democracia, e o jornal precisa desmentir. Por Moisés Mendes

A Folha escalou dois jornalistas, Ana Luiza Albuquerque e Arthur Guimarães, para que escrevessem o seguinte:

“O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) tem buscado, em uma série de entrevistas recentes e em artigo publicado nesta Folha no domingo (10), posicionar-se como um defensor da democracia. Ele, porém, acumula uma série de declarações de tom golpista e é alvo de inquérito da Polícia Federal que investiga uma suposta tentativa de golpe de Estado para mantê-lo no poder após a derrota nas eleições de 2022”.

Prestem atenção no porém e na delicadeza da informação de que o sujeito acumula uma série de declarações golpistas. Não são atitudes nem articulações golpistas, são apenas declarações.

Por que a Folha fez esse esclarecimento tão cuidadoso? Porque se sabe que a Folha nega seus espaços de opinião a muita gente de esquerda, mas cede às pressões da direita e da extrema direita.

Foi por isso, por abrir suas páginas ao fascismo com grande facilidade, que Bolsonaro escreveu um artigo no domingo em que diz ser defensor das liberdades. O título do texto é: “Respeitem a democracia”.

A Folha, bombardeada nas redes sociais, teve de mandar dois jornalistas esclarecerem: Bolsonaro não defende a democracia coisa nenhuma e está sendo investigado como golpista.

No que isso pode mudar a imagem de um jornal que cada vez mais se conecta com as pautas e as demandas da extrema direita? Não muda nada. Mas engana quem quiser ser enganado.

Se for manter o critério de explicar tudo que veicula nessa linha do artigo de Bolsonaro, a Folha terá de publicar textos explicativos na sequência das besteiras escritas por fascistas.

Será o único jornal que precisa esclarecer, depois de acolher extremistas em suas páginas, que aquilo que eles escrevem é mentira.

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