Como Musk facilita o ódio no X e apoia censura em países autoritários

Elon Musk, bilionário de extrema-direita. Foto: reprodução

Na última semana, o bilionário Elon Musk ditou a pauta sobre liberdade de expressão e censura no Brasil ao atacar o ministro Alexandre de Moraes com base no “Twitter Files”, uma série de reportagens sem provas de que os representantes do X trabalhariam sob ameaças do Supremo Tribunal Federal (STF) para impedir jornalistas e políticos de se expressarem.

Porém, uma série de reportagens da BBC, há mais de um ano, já revelava como o Musk, que comprou o Twitter ainda em 2022, tinha mudado as políticas internas para permitir a veiculação de fake news, discursos de ódios da extrema-direita e facilitar a atuação de governos autoritários para, aí sim, fizessem o monitoramento e censura de adversários políticos.

Um dos exemplos usados aconteceu na Índia. Segundo o veículo britânico, o primeiro-ministro Nerandra Modi contou com Musk para remover das plataformas uma série de documentários que mostravam os massacres cometidos pela maioria hindu contra as minorias.

No conteúdo resgatado pelo jornalista Leandro Demori, o ex-CEO do Twitter na Índia, Jack Dorsey, afirmou que o funcionários da plataforma tiveram suas casas invadidas para a remoção do conteúdo sem ordem judicial.

Na ocasião, as denúncias foram feitas por funcionários e ex-funcionários do Twitter, que levantaram preocupações sobre a capacidade da empresa em proteger os usuários de assédio, desinformação coordenada e exploração sexual infantil após mudanças significativas feitas pelo novo proprietário, Elon Musk.

Além da gestão com os usuários, os entrevistados também falaram das dificuldades em manter os mecanismos de proteção em meio ao que descrevem como um ambiente de trabalho caótico. Um dos pontos destacados foi a demissão em massa de funcionários, resultando em uma sobrecarga de trabalho para aqueles que permaneceram na empresa.

Um engenheiro do Twitter, falando sob anonimato à BBC, comparou a situação a um prédio em chamas, “onde a fachada pode parecer intacta, mas o interior está em caos”. Ele ainda ressaltou que o caos resultou em uma falta de pessoal para lidar com questões cruciais de segurança.

Lisa Jennings Young, ex-chefe de conteúdo do Twitter, revelou que sua equipe, responsável por implementar medidas de segurança como o modo de segurança e alertas de linguagem abusiva, foi completamente desmantelada. Isso levou à renúncia dela, enquanto projetos destinados a proteger os usuários ficaram em suspenso.

Uma pesquisa interna do Twitter, mencionada por Young, indicou que medidas como alertas de linguagem abusiva reduziram em 60% a hostilidade nas interações. No entanto, sob a nova gestão, tais iniciativas parecem ter sido interrompidas, gerando preocupações sobre a segurança dos usuários.

Além disso, a reportagem da BBC revelou um aumento alarmante no discurso de ódio desde que Musk assumiu o controle da empresa. Relatos indicam que sobreviventes de estupro e jornalistas enfrentaram um aumento significativo de mensagens abusivas e misóginas.

As preocupações estendem-se à detecção e remoção de conteúdo prejudicial, como exploração sexual infantil e campanhas de assédio destinadas a restringir a liberdade de expressão. Funcionários expressaram temores de que a equipe dedicada a essas questões tenha sido reduzida drasticamente, comprometendo a capacidade da empresa de enfrentar tais desafios.

Enquanto isso, os usuários continuam enfrentando um ambiente online cada vez mais hostil e perigoso. O aumento da atividade de contas misóginas e abusivas, juntamente com relatos de exploração sexual infantil, levanta sérias dúvidas sobre a eficácia das medidas de segurança do Twitter sob sua nova direção.

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