Casas Bahia (BHIA3): mais rentável e com melhora sequencial, mas cenário é desafiador

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O Grupo Casas Bahia (BHIA3) divulgou seus números na quarta-feira (13) mostrando redução de prejuízo em 56% e mostrando recuperação nas margens, mas ainda mostrando um cenário desafiador.

O GMV (volume bruto de mercadorias) total consolidado caiu 1,6% em relação ao mesmo período do ano anterior, impactado pelo fraco desempenho do 1P (estoque próprio, em queda de 23% em relação ao mesmo período do ano anterior), refletindo menores investimentos no B2B e ajustes de produto/mix, o que foi parcialmente compensado por uma melhora no varejo físico (vendas mesmas lojas em +6,5%), resultante de uma maior penetração de crédito e serviços, e no 3P (marketplace, alta de 18%), apoiado por maiores ofertas de logística e crédito, avalia a XP.

Como resultado, as vendas líquidas consolidadas caíram 3% em relação ao ano anterior, uma vez que as menores receitas de mercadorias (-7%) mais do que compensaram a aceleração em serviços e crédito (+28% e +38%, respectivamente).

A XP ressalta a sólida melhoria na rentabilidade, com a margem bruta alcançando 31,6% (+8,7 pontos percentuais, ou p.p., anualmente), resultante do mix de produtos, maior qualidade dos estoques e aumento da penetração de serviços e soluções financeiras (+110 p.p. e +280 p.p., respectivamente).

Isso, juntamente com uma queda nas despesas de vendas, gerais e administrativas (SG&A) na mesma magnitude da receita (-3%) devido à redução de despesas com pessoal, despesas de terceiros e contingências trabalhistas, o que levou a margem Ebitda (Ebitda = lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações/receita líquida) ajustada a aumentar na mesma proporção (+8,7 p.p.).

O prejuízo líquido atingiu R$ 369 milhões (contra -R$ 837 milhões no 3T23), ainda impactado por despesas financeiras, enquanto o fluxo de caixa livre foi negativo de R$ 396 milhões, já que a empresa investiu em estoques para se preparar para o 4T, enquanto as contingências trabalhistas continuam sendo um problema (-R$ 212 milhões), embora tenham diminuído em relação ao ano anterior (-42%).

Para a Genial Investimentos, o resultado teve zero surpresa – “o que a depender do ponto de vista pode ser positivo, dado que, coincidência ou não, o 3º trimestre costuma ser o grande mensageiro de más notícias”.

Dois esqueletos foram retirados do armário exatamente nesse período ao longo dos últimos 4 anos, avalia a equipe de analistas. No 3º trimestre de 2021, houve provisões de R$ 1,3 bilhão para conter as demandas judiciais e no 3º trimestre de 2023, o plano de reestruturação, que apesar de necessário, implicou em uma ruptura de rentabilidade do grupo até o 2º trimestre de 2024.

A Genial vê tendências melhores na visão sequencial. A recuperação de vendas nas lojas físicas é um ponto positivo e veio acima da inflação, o que sugere que a demanda pelo menos nessas categorias básicas (linha branca e linha marrom) ainda está firme. No entanto, o crescimento foi impulsionado pela ampliação da concessão de crédito (+7,5% anualmente), o que aumenta o risco, pois o FIDC (fundo de crédito) ainda não está operacional, deixando a companhia mais exposta ao risco de inadimplência no médio prazo.

O Goldman Sachs destaca resultados sequencialmente melhores. As receitas líquidas ficaram marginalmente acima das expectativas (+3% versus projeção do Goldman e +2% versus o consenso da Bloomberg), enquanto a lucratividade continuou a melhorar, surpreendendo positivamente. Isso foi impulsionado em particular pela margem bruta, que foi ajudada por um melhor mix de produtos/serviços. No geral, a margem Ebitda ajustada ficou em +40 pontos-base acima das expectativas, levando o Ebitda absoluto a superar a projeção do Goldman em +9% e o consenso Bloomberg em +7%.

Houve recuperação dos resultados operacionais do 3T24, aponta o JPMorgan, ainda com algum efeito persistente do plano de recuperação em andamento. O banco, contudo, tem recomendação underweight (exposição abaixo da média do mercado, equivalente à venda), para BHIA3. O Goldman também tem recomendação de venda, ainda que com preço-alvo de R$ 5,40, ou potencial de alta de 33%, assim como a Genial (com preço-alvo de R$ 4, ou queda de 2% frente o último fechamento).

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