Dividendo surpresa da Marfrig, JBS impressionante e BRF forte – mas só uma ação salta

JBS Carne Frigoríficos

Os principais frigoríficos brasileiros apresentaram resultados que chamaram a atenção do mercado no terceiro trimestre de 2024 (3T24). A Marfrig (MRFG3) se destacou com a distribuição de dividendos robustos, enquanto a JBS (JBSS3) impressionou com seu desempenho acima das expectativas. A BRF (BRFS3) também mostrou força, dando continuidade aos bons resultados.

Contudo, só uma ação dos frigoríficos saltava após a divulgação do 3T24: a da Marfrig. Às 11h50 (horário de Brasília), a ação MRFG3 disparava 7,11%, a R$ 16,72, enquanto JBSS3 caía 0,88%, a R$ 36,11, e BRFS3 subia 0,48%, a R$ 25,06.

O Bradesco BBI avalia que os resultados da Marfrig vieram em linha, mas com distribuição inesperada de dividendos de R$ 2,5 bilhões. Embora essa distribuição de dividendos pareça contraintuitiva ao compromisso da Marfrig com a desalavancagem, o BBI acredita que há um componente pontual relacionado à falta de distribuição de dividendos no ano passado, bem como ao aumento de capital que exigiu que os acionistas controladores injetassem dinheiro na empresa.

“O aumento de liquidez proporcionado pela alienação de parte de seus ativos na América Latina e as perspectivas de distribuição contínua de dividendos pela BRF devem fornecer condições para que os recentes esforços de gestão de passivos da Marfrig continuem, o que vemos como a melhor maneira de maximizar seu valor patrimonial neste momento”, explica o BBI.

Qualitativamente, segundo o banco, os resultados da Marfrig mais uma vez entregaram praticamente tudo o que precisavam. Ainda assim, o banco manteve classificação neutra e preço-alvo de R$ 17, pois acreditamos que o ciclo negativo do gado na América do Norte continuará a limitar o ritmo autônomo de desalavancagem da Marfrig e se traduzirá em múltiplos mais altos para a empresa no futuro próximo.

Embora os resultados tenham ficado aproximadamente em linha com as estimativas, o Itaú BBA destaca a distribuição de dividendos da Marfrig como positiva.

O BBA vê o momentum da Marfrig como a principal preocupação para a tese de investimento agora, principalmente porque há incertezas no negócio de carne bovina dos EUA, mas a distribuição de dividendos deve ser vista como um sinal de que a empresa está confiante na sustentabilidade do caminho de desalavancagem à frente.

A equipe do BBA reiterou recomendação neutra e preço-alvo de R$ 14.

Já a XP Investimentos comenta que os número da Marfrig foram sólidos e bem acima dos concorrentes em alguns segmentos, com Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado de R$ 956 milhões, queda anual de 29%, mas 7% acima das projeções da instituição financeira.

A receita líquida aumentou 16% na comparação trimestral e 3% acima das estimativas da XP, principalmente impulsionada por volumes mais altos, à medida que a companhia se beneficia de investimentos recentes em capacidade, enquanto a forte demanda doméstica e de exportação, juntamente com uma melhor taxa de câmbio, foram ventos favoráveis. 

No curto prazo, a XP vê fatores negativos para ambas as unidades de negócios, com uma sazonalidade mais fraca no 4T24 para os EUA, juntamente com preços mais altos do gado no Brasil, enquanto Uruguai e Argentina continuam atrasados.

A Genial Investimentos, por sua vez, disse que a Marfrig entregou um trimestre razoável, ligeiramente acima das suas estimativas. Excluindo a consolidação dos números da BRF, a corretora ainda manteve a opinião que a companhia carece de catalizadores do ponto de vista fundamentalistas.

Entretanto, quando analisa os resultados consolidados, puxados pelo forte desempenho de BRF (BRFS3), a situação muda um pouco. Ainda assim, reforça que, segundo análises, o investidor deveria seguir a recomendação de compra em BRF, e não se expor, nesse momento, em Marfrig apenas pelo desempenho superior de sua controlada. Com isso, a Genial reiterou recomendação neutra e preço-alvo de R$ 14,35.

BRF (BRFS3)

A Genial Investimentos disse que o resultado da BRF foi ótimo, mais uma vez entregando números acima do consenso e de suas expectativas.

A companhia realizou uma receita líquida de R$ 15,5 bilhões, 1,4% acima das expectativas da Genial, beneficiada tanto pelo incremento do volume de vendas, justificado pela competitividade das exportações devido à depreciação cambial, quanto pela maior realização de preços.

Já o Ebitda ajustado foi de R$ 2,9 bilhões, 8,9% acima das estimativas da Genial, impulsionado tanto por (i) ganhos de eficiência operacional unitária, refletido na queda dos custos, quanto no maior peso de produtos processados (70% do portfólio BRF) que, por premissa, condicionam margens mais expansionistas se comparados aos produtos in natura.

Para a XP, a BRF reportou um trimestre principalmente em linha, mas digno de celebração, pois o Ebitda ajustado de R$ 2,968 bilhões foi um recorde para um 3T24.

A XP destaca que o FCFE (fluxo de caixa disponível para os acionistas) foi mais forte do que o esperado, em R$ 1,8 bilhão devido a menor capex (investimentos) e menor queima de caixa, e a companhia anunciou R$ 946 milhões em JCP e uma terceira recompra de ações.

Os analistas ainda apontaram que, caso as ações apresentassem um desempenho negativo (o que aconteceu durante a manhã), isso poderia representar uma oportunidade de compra, pois acredita que outro anúncio de proventos é provável; enquanto (ii) os lucros devem permanecer fortes no 4T24, à medida que a companhia se beneficia de preços mais altos de carne bovina e sazonalidade.

O Itaú BBA comenta que os números foram sólido, como esperado. A margem Ebitda ajustada de 22% no segmento internacional foi recorde mais uma vez, mas a surpresa positiva para os números veio do Brasil, onde a margem Ebitda excedeu a sua previsão em 100 pontos-base (bps).

Embora seja crucial avaliar o rendimento recorrente do fluxo de caixa livre (FCF) da BRF antes de adotar uma visão estruturalmente mais otimista sobre o nome, o banco também vê uma dinâmica equilibrada no setor de aves, juntamente com um amplo fornecimento de grãos, provavelmente implicando em um forte impulso contínuo nos próximos trimestres. O BBA mantém recomendação neutra e preço-alvo de R$ 19.

Na mesma linha que as outras instituições, o Bradesco BBI disse que foi um trimestre de alta qualidade, mas o espaço para os resultados continuarem crescendo agora parece menor, enquanto continua sem visibilidade sobre onde as margens do meio do ciclo acabarão se estabilizando. A recomendação permanece neutra.

JBS (JBSS3)

A JBS entregou um impressionante Ebitda ajustado no 3T24 de R$ 11,9 bilhões, 11% acima do esperado pelo Bradesco BBI. O lucro líquido ajustado de R$ 4 bilhões ficou em linha, enquanto a geração de caixa totalizou R$ 5,5 bilhões (rendimento de 7%). A Seara foi o principal destaque, com margem Ebitda recorde de 21%, mas JBS Brasil, US Beef e US Pork também superaram expectativas.

Para o BBI, a JBS oferece a melhor proposta de valor dentro da cobertura de proteínas do banco, com uma combinação de: (i) consistente dinâmica de resultados, (ii) valuation pouco exigente (com um desconto injustificado em relação à sua média histórica e abaixo de seus pares de proteína); e (iii) uma opcionalidade importante caso a listagem nos Estados Unidos avance (o que agora parece mais provável do que nunca). Assim, reiterou recomendação de compra para JBSS3.

O Itaú BBA avalia o resultado da JBS como positivo, puxado por um Ebitda ajustado 11% acima as expectativas, explicado principalmente pelos ganhos do IFRS na divisão de carne bovina dos EUA e margens maiores do que o esperado na carne bovina do Brasil.

Além disso, a empresa anunciou R$ 2,2 bilhões em dividendos (um adicional de 3% do dividend yield). No geral, o BBA manteve a JBS como nossa principal escolha no setor devido ao sólido momento de curto prazo da indústria de frango alinhado com um forte rendimento de FCF de 15% para 2025. O banco manteve recomendação de compra e preço-alvo de R$ 46.

Na avaliação da XP, a JBS reportou um trimestre animador, com um sólido resultado no Ebitda ajustado, com sua plataforma multi-geografia e multi-proteínas confirmando sua resiliência. Frango e suínos continuam em destaque, garantindo resultados sólidos na PPC , Suínos nos EUA, e com uma margem recorde para a Seara e ainda com a JBS Brasil (Friboi) com seus 15 minutos de fama com um de seus melhores desempenhos registrados.

A corretora destaca que FCFE foi forte e estritamente em linha com a estiamtiva da XP, em R$ 5,0 bilhões. Com isso, a XP reforçou recomendação de compra e a JBS como Top Pick.

A Genial destaca que a JBS entregou resultados ligeiramente acima das previsões nas principais divisões de negócio, superando perspectivas que já eram otimistas.

Diante da sólida execução operacional, e da diversificação geográfica e de proteínas, superando no consolidado os desafios específicos em algumas unidades, a Genial reiterou recomendação de compra, e elevou preço-alvo de R$ 40 para R$ 42,00.

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