Diretor da PF aponta para relação de atentado em Brasília ao 8/1

Os bolsonaristas durante a tentativa de golpe em 8 de janeiro de 2023. Foto: reprodução

O atentado ocorrido na Praça dos Três Poderes na última quarta-feira (13) reacendeu os alertas de segurança em Brasília e levantou questionamentos sobre a possibilidade de anistia aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro. Andrei Rodrigues, diretor-geral da Polícia Federal (PF), endossou a posição do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), ao condenar qualquer tipo de anistia a golpistas. Segundo Rodrigues, o ataque representa uma “ação violenta contra o Estado Democrático de Direito”.

Em entrevista concedida na sede da PF, em Brasília, o delegado destacou a seriedade do atentado e reforçou que o episódio não é um caso isolado, mas sim parte de uma série de ações investigadas nos últimos meses pela corporação. “Esses grupos extremistas estão ativos e precisam de uma atuação enérgica. O episódio de ontem se conecta a outras ações recentes”, afirmou Andrei.

Andrei Rodrigues, diretor-geral da Polícia Federal. Foto: José Cruz/Agência Brasill

Francisco Wanderley Luiz, de 59 anos, conhecido como Tiü França, foi identificado como o autor do ataque. Ele teria tentado, sem sucesso, entrar no prédio do STF antes de dirigir-se à estátua da Justiça, onde seu corpo foi encontrado após a detonação dos artefatos explosivos.

O atentado ocorreu nas proximidades do Congresso Nacional e da sede do Judiciário, locais atingidos também nos atos golpistas de janeiro.

Os explosivos foram acionados de forma remota dentro de um veículo Kia Shuma, encontrado perto de anexos da Câmara dos Deputados. Testemunhas e vídeos de câmeras de segurança estão sendo analisados pela PF para confirmar as circunstâncias do atentado.

A Polícia Federal segue duas linhas de investigação principais: terrorismo e tentativas de abolição do Estado Democrático de Direito. A ação foi descrita como premeditada e planejada para médio e longo prazo, com o envolvimento de artefatos e dispositivos sofisticados.

Embora alguns membros do governo tenham sugerido que Francisco agiu como “lobo solitário”, o diretor-geral da PF tem ressalvas. Segundo Rodrigues, embora a ação possa ter sido individual, há a chance de influência de um grupo ou de ideais radicais.

O terrorista Francisco Wanderley Luiz foi candidato a vereador pelo PL em 2020. Foto: Reprodução

Francisco, que trabalhou como chaveiro e chegou a se candidatar a vereador em Rio do Sul (SC) em 2020 pelo Partido Liberal, o mesmo de Jair Bolsonaro, estava vestido de maneira inusitada no momento do ataque, com roupas estampadas com naipes de cartas, em alusão ao personagem Coringa.

Junto ao corpo, foi encontrado um chapéu branco e mensagens dirigidas a Débora Rodrigues, presa por pichar o Congresso Nacional em janeiro.

Francisco, de acordo com a ex-mulher, esteve em Brasília no início de 2023, embora não se saiba ao certo se antes ou depois dos acampamentos golpistas e do ataque de janeiro. Ele possuía imóveis em Rio do Sul, cuja renda ajudava a custear o aluguel de um trailer e um apartamento em Ceilândia, no Distrito Federal.

Durante as buscas, a polícia encontrou mensagens que expressavam apoio a ideais extremistas e evidências que ligam Francisco a tentativas anteriores de atentar contra membros da Suprema Corte.

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