Brava (BRAV3): resultados foram fracos, mas por que ações saltam após 3T24?

Bomba para extração de petróleo nos arredores de Almetyevsk, na República do Tartaristão, Rússia 4/6/2023 REUTERS/Alexander Manzyuk/Arquivo

A petrolífera Brava Energia (BRAV3), resultante da incorporação da Enauta pela 3R Petroleum, que acumula uma perda de 37,2% no ano devido à queda do petróleo e à desconfiança sobre suas operações, divulgou resultados no terceiro trimestre ligeiramente abaixo das estimativas. No entanto, a ação da companhia operava com alta de 5,83%, cotada a R$ 16,53 às 15h35 (horário de Brasília), com uma visão mais positiva das operações daqui para frente.

O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado foi de R$ 727 milhões, 5% aquém das expectativas do BBA e do mercado. O terceiro trimestre foi o primeiro resultado após a combinação de negócios entre 3R e Enauta, e foi marcado por despesas não-recorrentes, bem como pela paralisação da produção em Papa-Terra, o que diminuiu a produção consolidada da empresa em relação ao último trimestre.

Apesar da estimativa ter vindo abaixo das expectativas, o BBA disse receber positivamente o foco declarado da empresa no curto prazo nos campos de Papa-Terra e Atlanta, bem como o foco de médio prazo na otimização das operações em campos terrestres, promoção de um processo de desalavancagem acelerado e o crescimento do retorno aos acionistas por meio de distribuição de dividendos ou recompra de ações.

Em relação ao fluxo de caixa livre (FCF), a companhia reportou um valor proforma de R$ 336 milhões no terceiro trimestre, “impulsionado pelo recebimento de R$ 1,3 bilhão da Westlawn devido à venda de 20% na Concessão BS-4 (campos Atlanta e Oliva)”. Diante disso, o BBA manteve recomendação de compra e preço-alvo de R$ 47.

A XP Investimentos espera que a alavancagem da Brava se deteriore substancialmente no 4T24 devido às paradas de produção nos campos de Papa Terra e Atlanta.

A corretora disse estar particularmente preocupada com a possibilidade de a Brava violar seu covenant (compromissos de contratos de financiamento ou empréstimos que servem para proteger os interesses dos credores) de dívida líquida/Ebitda de 3,0 vezes – “para sermos claros, se isso acontecer, não esperamos que tal evento desencadeie qualquer aceleração da dívida, mas sim uma negociação para a isenção do covenant”.

O time de análise da XP acredita que o resultado do 4T24 não deveria ser um catalisador tão negativo, uma vez que se espera que a produção aumente substancialmente antes da publicação dos resultados financeiros do 4T24 no início de 2025. Na opinião da corretora, o ramp-up (início de produção) oportuno nos dois principais campos offshore da Brava em dezembro é fundamental para o caso de investimento.

Segundo a XP, o Ebitda ajustado foi afetado por menores preços e produção. O lucro líquido não ajustado de R$ 498 milhões foi melhor do que a expectativa de prejuízo líquido R$ 100 milhões devido a ganhos extraordinários, muitos relacionados à fusão.

Para o Santander, a Brava apresentou resultados em linha com o consenso, impactado pela queda de cerca de 13% na produção trimestral e pela queda de aproximadamente 1% no Brent em reais, parcialmente compensada por um custo de extração estável em torno de US$ 20 por barril.

Pelo lado negativo, o Santander prevê uma queima de fluxo de caixa livre (FCF) de aproximadamente R$ 1,2 bilhão (excluindo alguns eventos não recorrentes), embora o endividamento líquido tenha aumentado apenas cerca de R$ 358 milhões no trimestre, chegando a R$ 7,3 bilhões, impulsionado principalmente pelo ingresso de caixa da venda de uma participação de 20% no campo Atlanta.

Já a relação dívida líquida/Ebitda subiu para 2,7 vezes no 3T24, ainda abaixo do limite de 3,0 vezes. Olhando para frente, o Santander que o desempenho das ações da Brava dependerá da retomada de Papa-Terra e do início das operações do FPSO Atlanta, uma vez que ambos os campos não estão produzindo atualmente, o que é a prioridade da Brava no momento. O Santander manteve recomendação de compra e preço-alvo de R$ 48.

O Bradesco BBI, por sua vez, classificou os resultados como fracos, conforme o esperado. O banco também cortou o preço-alvo de R$ 40 para R$ 32. Por outro lado, o banco manteve classificação de compra, pois ainda enxerga a Brava bem posicionada para se tornar uma tese de retorno total, com rendimentos de dividendos sólidos.

O JPMorgan comenta que os resultados ajustados ficaram ligeiramente abaixo das expectativas devido a margens mais baixas.

O banco americano destaca que a participação em Papa-Terra foi reajustada para 62,5%, após determinações de arbitragem, e que houve um ingresso de US$ 234 milhões pela venda de uma participação de 20% no cluster Atlanta para a Westlawn.

Nesse contexto, o Ebitda comparável (apenas upstream, ou exploração e produção) de R$ 730,8 milhões ficou 5,5% abaixo das estimativas, principalmente devido a margens mais baixas em despesas de manutenção em Atlanta + Manati & Papa-Terra. Pelo lado positivo, preços melhores em Potiguar, Recôncavo e Peroá superaram as projeções do JPMorgan. O banco reiterou recomendação de compra e preço-alvo de R$ 40.

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