Governo Bolsonaro estimulou o “discurso de ódio e o fanatismo político”, diz Gilmar

Gilmar Mendes, no plenário do STF. Foto: ROSINEI COUTINHO/STF

O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), classificou o atentado ocorrido na Praça dos Três Poderes como um “lamentável retrocesso” para a democracia no Brasil. Segundo ele, o ataque foi consequência do fanatismo político e da disseminação de desinformação promovidos por apoiadores do governo anterior. A declaração foi feita nesta quinta-feira (14/11), durante uma sessão no STF.

Investigações iniciais da Polícia Federal indicam que Francisco Wanderley Luiz, autor das explosões, publicou mensagens nas redes sociais nas quais criticava o Judiciário e incentivava a população a se rebelar e tomar o poder.

Em redes sociais, Francisco teria feito declarações contra o STF, divulgando teorias da conspiração e deixando claras suas intenções. Gilmar Mendes ressaltou que o atentado recente não é um caso isolado, mas parte de uma sequência de eventos extremistas. Embora o ápice tenha ocorrido em 8 de janeiro de 2023, a ideologia extremista que motivou a tentativa de golpe tem raízes mais antigas.

O ministro também criticou os apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro pela disseminação de desinformação sobre as urnas eletrônicas. Segundo Gilmar, houve diversos eventos organizados por esses apoiadores para questionar a confiabilidade do sistema eleitoral, em um movimento que se intensificou à medida que as pesquisas apontavam para uma possível vitória da oposição.

Gilmar Mendes destacou que essas manifestações frequentemente incluíam pedidos de fechamento do STF e intervenção militar para derrubar o governo eleito. Ele também mencionou os atos antidemocráticos de 7 de setembro e o caso do ex-deputado Daniel Silveira, que foi condenado pelo STF a oito anos e nove meses de prisão por incitar atos antidemocráticos e ameaçar as instituições.

O ministro recordou um episódio em abril de 2020, em que Silveira incitou a invasão do STF e do Congresso, ato pelo qual recebeu indulto presidencial sob o pretexto de liberdade de expressão.

Na noite de quarta-feira, duas explosões ocorreram na Praça dos Três Poderes, uma próxima à estátua da Justiça, em frente ao STF, e outra em um carro estacionado no Anexo IV da Câmara dos Deputados. A Polícia Militar e a segurança do STF isolaram a área. Francisco Wanderley Luiz, responsável pelo ataque, morreu no local; ele era natural de Santa Catarina e residia em Ceilândia, a cerca de 30 km da explosão. Na sua casa, a polícia encontrou artefatos explosivos semelhantes aos utilizados no ataque, além de um notebook e um pendrive.

O diretor da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, afirmou que a motivação do crime ainda é desconhecida, mas que o caso está sendo tratado como um possível ato terrorista e um atentado contra o Estado democrático de direito.

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