Delator morto no aeroporto expôs esquema do PCC em área nobre do litoral de SP

O empresário Antônio Vinícius Lopes Gritzbach. Foto: reprodução

Em junho deste ano, cinco meses antes de ser assassinado a tiros no Aeroporto de Guarulhos, o empresário Antônio Vinicius Lopes Gritzbach entregou ao Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) uma série de provas detalhando um esquema de lavagem de dinheiro do tráfico de drogas por meio da compra de imóveis de luxo na Riviera de São Lourenço, litoral norte paulista. Entre os documentos apresentados estavam mensagens, gravações e contratos.

As denúncias apontaram Ademir Pereira de Andrade como um dos principais operadores financeiros do Primeiro Comando da Capital (PCC). Andrade é réu ao lado de outros seis acusados em um processo por lavagem de dinheiro que tramita na 1.ª Vara de Crimes Tributários de São Paulo.

Segundo o delator, o grupo teria utilizado parentes dele como laranjas em negociações milionárias que envolveram traficantes de alto escalão, como Cláudio Marcos de Almeida, o Django.

Django adquiriu dois imóveis na Riviera por valores registrados de R$ 2,5 milhões e R$ 2,2 milhões, enquanto as transações reais chegaram a R$ 5,5 milhões cada. As negociações envolviam pagamentos em dinheiro vivo, transporte por helicópteros e compartimentos secretos em imóveis usados para esconder armas, drogas e dinheiro.

Cláudio Marcos de Almeida, o Django e Rafael Maeda Pires, o Japa do PCC. Ambos foram mortos antes de Gritzbach. Foto: reprodução

O esquema contava com a participação de empresários e corretores de imóveis que sabiam do vínculo com o tráfico. Em uma das transações, mensagens entregues por Gritzbach aos promotores mostram que o valor oficial da escritura era significativamente inferior ao valor real pago, permitindo que os envolvidos ocultassem a origem ilícita do dinheiro.

Além das revelações sobre imóveis, a delação apresentou novos elementos para investigações em andamento sobre o PCC, incluindo a ligação de Andrade com a chamada Operação Fim da Linha, que apura a captura de contratos de transporte público pela facção criminosa. O nome de Andrade também apareceu em um inquérito sobre a morte de Rafael Maeda, o Japa do PCC.

Gritzbach, que atuou como operador financeiro da facção criminosa antes de se tornar delator, vivia sob constantes ameaças de morte após entregar informações comprometedoras à Justiça. Ele acusou inclusive policiais civis de corrupção, detalhando práticas ilegais que envolviam altos valores e contratos públicos.

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