Argentina ameaça melar declaração final do G20

O Rio espalhou faixas e totens para receber a cúpula de chefes de Estado do G20, na próxima semana. Foto: Divulgação

A postura da Argentina durante as negociações do G20, bloqueando temas-chave como taxação de grandes fortunas, igualdade de gênero e regulação da internet, ameaça inviabilizar a declaração final da cúpula realizada no Rio de Janeiro. A situação acirrou ainda mais as tensões com o Brasil e gerou apreensão entre os participantes do evento.

A delegação argentina aguarda instruções do presidente Javier Milei ou do chanceler Gerardo Werthein para decidir se o país assinará o documento com ressalvas, por meio de um parágrafo de esclarecimento, nota de rodapé ou declaração separada.

Contudo, há também a possibilidade de Milei optar por rejeitar completamente o texto, o que poderia inviabilizar a declaração, a menos que os sherpas – diplomatas responsáveis pelas negociações – encontrem uma solução inovadora.

A oposição da Argentina reflete a orientação de Milei, que em outubro enviou um comunicado ao Ministério das Relações Exteriores ordenando que seus diplomatas rejeitassem qualquer iniciativa que apoiasse a Agenda 2030 da ONU ou seus objetivos.

A postura ficou ainda mais evidente após a demissão da chanceler Diana Mondino, que apoiou uma resolução da ONU contra o embargo dos Estados Unidos a Cuba. No Brasil, parte do governo minimiza a possibilidade de um veto argentino total à declaração, considerando que isso colocaria o país em confronto direto com o G7 e outras nações em desenvolvimento.

No entanto, alguns interlocutores não descartam essa hipótese. Entre os pontos de maior atrito está a taxação de grandes fortunas, uma prioridade para o presidente Lula e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad.

Javier Milei. Foto: Divulgação

A oposição da Argentina a esse tema foi vista como um golpe direto contra a liderança brasileira na cúpula. Além disso, o alinhamento de Milei com ideias do bilionário Elon Musk e do presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, também gerou desconforto.

A resistência argentina à regulação da internet, à igualdade de gênero e à Agenda 2030 são atribuídas à influência desses aliados internacionais, ampliando as divergências entre os governos de Brasil e Argentina. Se a Argentina inviabilizar a declaração do G20, o impacto será significativo na relação bilateral, alertou uma fonte do governo brasileiro.

A ofensiva de Milei contra o multilateralismo também deverá repercutir na próxima reunião do Mercosul, marcada para 5 e 6 de dezembro no Uruguai. Outro fator que complicou as negociações foi a reabertura do texto da declaração após ataques maciços da Rússia contra a Ucrânia neste domingo (17).

A decisão do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, de autorizar o uso de armas americanas em ataques dentro do território russo elevou ainda mais a tensão, com o líder russo Vladimir Putin tratando o tema como uma linha vermelha ultrapassada.

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