Aliado de Bolsonaro e Pazuello, militares e policial federal: os alvos da PF em ação sobre a tentativa de golpe

Bolsonaro e o general Mario Fernandes, um dos kids pretos preso pela PF nesta terça-feira (19) – Foto: Isac Nóbrega/Presidência da República

A Polícia Federal (PF) deflagrou, nesta terça-feira (19), uma operação contra um grupo de elite de militares conhecidos como “kids pretos”, que estavam envolvidos na tentativa de um golpe de Estado para impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Entre os alvos de prisão preventiva estava Mário Fernandes, um general da reserva que fez parte do grupo. Ele atuou como secretário-executivo da Secretaria-Geral da Presidência durante a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Quem é Mário Fernandes?

Após a derrota de Bolsonaro para Lula, Mário Fernandes ficou inconformado e fez apelos a colegas militares e ao então comandante do Exército, Freire Gomes, para que “agissem”. Atualmente, ele é assessor do gabinete do deputado federal Eduardo Pazuello (PL-RJ).

A PF investiga mensagens enviadas por Fernandes ao general Freire Gomes, nas quais ele pediu apoio para o plano golpista. As mensagens foram prontamente rejeitadas pelo militar.

General da reserva Mario Fernandes — Foto: Reprodução/Youtube
General da reserva Mario Fernandes: ele já foi investigado outras vezes pela PF — Foto: Reprodução/Youtube

Este não foi o primeiro encontro entre Mário Fernandes e investigações da PF. Ele já havia sido alvo de mandado de busca e apreensão na Operação Tempus Veritatis, que foi deflagrada em fevereiro. Durante essa operação, Fernandes estava presente na reunião gravada em vídeo onde o então presidente Bolsonaro orientava seus ministros a agirem contra o sistema eleitoral brasileiro.

Segundo a delação do ex-ajudante de ordens Mauro Cid, o general Mário era descrito como um dos militares mais radicais do núcleo golpista e um defensor fervoroso da necessidade de um golpe de Estado para manter Bolsonaro no poder.

Além de Mário Fernandes, os outros alvos de prisão preventiva eram Hélio Fernandes Lima, Rafael Martins Oliveira e Rodrigo Bezerra de Azevedo, todos membros do grupo “kids pretos”, além de Wladimir Matos Soares, um policial federal. Os mandados foram cumpridos em estados como Rio de Janeiro, Goiás, Amazonas e Distrito Federal e foram autorizados pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

O plano golpista, batizado de “Punhal Verde e Amarelo”, seria realizado em 15 de dezembro de 2022 e previa o assassinato de Lula e do vice-presidente Geraldo Alckmin, ambos já diplomados, além da prisão e possível execução do ministro Alexandre de Moraes, que era monitorado constantemente pelos envolvidos.

A operação cumpriu cinco mandados de prisão preventiva, três de busca e apreensão e 15 medidas cautelares, incluindo a entrega de passaportes e a proibição de contato entre os investigados, além da suspensão do exercício de funções públicas.

Como Bolsonaro se aproximou dos “kids pretos”?

Os kids pretos - revista piauí
Bolsonaro e o general Mario Fernandes: o militar atuou como como secretário-executivo da Secretaria-Geral da Presidência da República na gestão bolsonarista. Foto: Isac Nóbrega/Presidência da República

A ligação de Bolsonaro com os “kids pretos” vem de longa data. Desde o início de seu governo, o ex-presidente demonstrou interesse no grupo de elite das Forças Armadas. Em 2019, ele visitou Goiânia, onde fica o Comando de Operações Especiais, e chegou a praticar tiro ao alvo no local, acompanhado por Mário Fernandes.

Na época, Fernandes fazia parte do grupo de elite e era considerado um dos mais próximos conselheiros de Bolsonaro. Ele se aposentou no ano seguinte e posteriormente se tornou assessor especial na Secretaria-Geral da Presidência da República, onde permaneceu até o final da gestão de Bolsonaro.

Durante o governo Bolsonaro, outros membros do primeiro escalão também tiveram passagens pelo grupo “kids pretos” antes de se aposentarem.

Isso inclui Eduardo Pazuello (PL-RJ), o coronel da reserva Élcio Franco, que ocupou a posição de número 2 no Ministério da Saúde durante a gestão de Pazuello, e o ex-ministro da Casa Civil e da Secretaria-Geral, Luiz Eduardo Ramos. Outro nome associado ao grupo foi o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro.

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