“Tô na posição”: como “kids pretos” quase prenderam Moraes em 2022

Alexandre de Moraes, ministro do STF e alvo da trama golpista de militares. Foto: reprodução

Em meio ao plano golpista traçado por militares seguidores de Jair Bolsonaro (PL), mensagens obtidas pela Polícia Federal revelam que o grupo de “kids pretos” chegou a se posicionar em pontos estratégicos de Brasília para uma “ação clandestina” para derrubar o Estado democrático em 2022. O alvo seria o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

Os detalhes constam na representação que embasou a operação Contragolpe, deflagrada nesta quinta-feira (17), e que resultou na prisão de quatro militares do Exército e um policial federal. As ordens de prisão foram emitidas por Moraes, relator do inquérito que apura as tentativas de golpe de Estado após as eleições de 2022.

Entre os presos pela PF estão o general da reserva Mário Fernandes e os tenentes-coronéis Hélio Ferreira Lima, Rodrigo Bezerra Azevedo e Rafael Martins de Oliveira. Todos eles faziam parte das forças especiais do Exército, conhecidas como “kids pretos”, e foram localizados no Rio de Janeiro.

Kids pretos presos pela PF: Rafael Martins de Oliveira, Hélio Ferreira Lima, Rodrigo Bezerra de Azevedo e Mario Fernandes — Foto: Arquivo pessoal e Eduardo Menezes/SG/PR

De acordo com a PF, os suspeitos usaram o aplicativo de mensagens criptografadas Signal para coordenar o plano, buscando evitar interceptações. O grupo com os golpistas era chamado “copa 2022” e incluía, pelo menos, seis integrantes.

Em 15 de dezembro de 2022, mensagens trocadas na janela de conversação indicam que os envolvidos estavam em campo, divididos em posições específicas. Às 20h33, um dos integrantes informou estar no estacionamento de um restaurante no Parque da Cidade, em Brasília, enquanto outro dizia: “Tô na posição”.

Questionado sobre o próximo passo, um membro do grupo respondeu apenas: “Aguarde”. Às 20h57, uma nova mensagem perguntou: “Vai cancelar o jogo?” Dois minutos depois, um dos líderes do grupo ordenou o cancelamento da operação: “Abortar… Áustria… volta para local de desembarque… estamos aqui ainda”.

Além das mensagens, a PF identificou que os participantes realizaram chamadas de áudio durante o período de movimentação. Embora o conteúdo das ligações não tenha sido recuperado, os registros mostram uma coordenação ativa.

Conversas entre os golpistas para prender Moraes. Foto: reprodução

Lula também era alvo de golpistas

Além da trama para prender Moraes, a PF revelou que os militares presos nesta terça-feira consideraram utilizar explosivos e veneno para assassinar o presidente Lula (PT) e o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB). Moraes seria outra vítima da execução. A conspiração teria sido planejada para dezembro de 2022, logo após as eleições presidenciais.

“Para execução do presidente Lula, considerando sua vulnerabilidade de saúde e ida frequente a hospitais, a possibilidade de utilização de envenenamento ou uso de químicos para causar um colapso orgânico”, afirmou a PF.

A execução estava prevista para 15 de dezembro de 2022, apenas três dias após sua diplomação como presidente eleito pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). A Polícia Federal também revelou que a trama foi desenvolvida na casa do general Braga Netto, ex-ministro da Defesa no governo Bolsonaro.

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