Como escolher ‘vacas leiteiras’ de dividendos em tempos de juros altos?

Dividendos em dólar. (Foto: Freepik)

Mesmo com os juros elevados favorecendo as aplicações de renda fixa, a estratégia de investir em ações de empresas que pagam dividendos segue atrativa, segundo analistas. Isso porque algumas companhias podem oferecer uma renda passiva consistente, mesmo diante de cenários desafiadores.

O obstáculo, no entanto, é escolher as firmas com potencial de manter ou ampliar a distribuição de proventos, já que o aumento dos juros pode impactar diretamente essa capacidade, explica Luccas Fiorelli, sócio fundador da HCI Invest.

“As empresas necessitam de capital para se financiar e, teoricamente, com juros mais elevados, quando você obtém crédito, isso pode reduzir o seu lucro e, consequentemente, afetar negativamente balanço e preço das ações, comprometendo também a capacidade para distribuir dividendos aos acionistas”.

Para fazer boas apostas, segundo analistas, é essencial avaliar a saúde financeira e a resiliência das companhias frente a taxas elevadas. Destacam-se aquelas com gestão eficiente, dívidas sob controle e forte geração de caixa, dizem. Abaixo, confira dicas para escolher boas “vacas leiteiras”.

De olho nos indicadores

Herisson Pesker, especialista em Investimentos CEA do Grupo Fractal, diz que a seleção de boas ações pagadoras de dividendos pode ser feita usando uma variedade de ferramentas e estratégias, como o dividend yield (taxa de retorno somente com o pagamento de dividendos), a relação entre preço e lucro por ação (P/L), a relação entre preço e valor patrimonial (P/VP) e o payout.

“Com esses indicadores em mãos, o investidor consegue identificar quais empresas apresentam as melhores relações de ‘custo-benefício’ na hora de efetuar a compra de um ativo, visando assim otimizar a alocação de seu capital”.

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Endividamento e capacidade

Outro ponto importante de olhar na hora da escolha, segundo Fiorelli, da HCI Invest, é o endividamento – a relação entre dívida da empresa e seu patrimônio líquido. Essa métrica “indica a saúde financeira da empresa”, diz o especialista.

O mesmo vale uma métrica chamada razão de liquidez corrente, que mostra a capacidade de pagamento de obrigações no curto prazo. “Esse dado vai também salientar a questão sobre a saúde financeira da empresa e como que ela está honrando seus compromissos perante o mercado”.

Alexandre Pletes, head de renda variável da Faz Capital, também recomenda ficar de olho no endividamento. “No caso das empresas que possuem alguma alavancagem atrelada ao CDI, a margem automaticamente vai reduzir”, impactando os proventos.

Setores-chave

Fiorelli também relata que as boas pagadoras normalmente são de setores mais resilientes, que aguentam os solavancos do mercado. Os principais exemplos, relata, são “bancos, empresas de energia, seguradoras e telecomunicações”.

A Petrobras e as instituições bancárias, por exemplo, estão entre as companhias da B3 que entregaram os maiores retornos com dividendos no acumulado de 12 meses fechado em setembro deste ano.

Já Pletes, da Faz Capital, diz que, com base nas métricas (especialmente o payout), um dos setores de destaque no Brasil é o de serviços essenciais.

“Excluindo os pagamentos extraordinários de dividendos e analisando o payout regular, é natural que as utilities (empresas de serviços essenciais) se destaquem como líderes na distribuição de proventos. Entre os exemplos estão Cemig (CMIG4), Copasa (CSMG3), Engie (EGIE3), Auren (AURE3) e Taesa (TAEE11).”.

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