Como a PF reuniu mensagens, imagens e dados para comprovar plano para matar Lula

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva – Foto: Reprodução

Mensagens, dados de localização, fotos, áudios e vídeos foram reunidos pela Polícia Federal (PF) para embasar a investigação sobre o suposto plano de militares e um policial federal para assassinar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ministro Alexandre de Moraes, do STF. A operação, denominada “Copa 2022”, foi organizada após a derrota eleitoral de Jair Bolsonaro em 2022. Quatro militares e um policial foram presos como parte das investigações.

Entre os principais elementos coletados estão mensagens de aplicativos como Signal, fotografias e registros de localização de aparelhos celulares. A PF identificou que os investigados usaram telefones registrados em nome de terceiros para dificultar o rastreamento. Além disso, a polícia obteve evidências de que os participantes da trama se reuniram no Parque da Cidade, em Brasília, no dia planejado para o ataque.

Imagem do Google Maps do Parque da Cidade, onde o grupo se reuniu – Foto: Reprodução

Um dos documentos centrais da investigação é o “Punhal Verde Amarelo”, elaborado pelo general Mário Fernandes. O material detalhava ações para assassinar Lula, Moraes e Geraldo Alckmin. Segundo a PF, o documento foi impresso no Palácio do Planalto em dezembro de 2022 e tinha características terroristas, incluindo a previsão de múltiplas mortes.

Conversas recuperadas no celular de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, mostram que os envolvidos pressionavam o então presidente para agir antes da posse de Lula. Contudo, Bolsonaro hesitava, esperando medir os apoios que poderia receber. O general Mário Fernandes chegou a relatar encontros com Bolsonaro para discutir as ações.

O tenente-coronel Mauro Cid e o ex-presidente Jair Bolsonaro – Foto: Reprodução

A investigação também revelou o uso de veículos oficiais do Exército durante as movimentações relacionadas ao plano. Um carro oficial foi registrado por câmeras de segurança em deslocamento entre Brasília e Goiânia no dia 15 de dezembro de 2022, data em que o ataque estava planejado para ocorrer. A PF está apurando o motivo do uso desses recursos públicos.

A polícia conseguiu identificar os envolvidos utilizando métodos avançados, como perícia de impressões digitais em imagens de documentos encontrados nos celulares dos investigados. As digitais do tenente-coronel Rafael Martins de Oliveira foram cruciais para conectar os dados usados no plano ao militar.

Com base nos materiais coletados, a PF deve enviar a conclusão da investigação à Procuradoria-Geral da República (PGR) nos próximos dias. A PGR analisará as provas e decidirá os próximos passos, como oferecer denúncias ou solicitar mais informações.

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