Por que a Liberdade é tão importante para memória dos negros em SP

Luminárias japonesas derrubadas na rua dos Aflitos, no bairro da Liberdade, em São Paulo. Foto: Reprodução

A Rua dos Aflitos, no bairro da Liberdade, em São Paulo, teve seis postes com luminárias japonesas substituídos por luminárias de LED após pedido de uma associação que busca o reconhecimento do local como patrimônio dos povos negros e indígenas. O local guarda parte da história da capital e era iluminado com as lanternas desde 1970.

A rua abriga a Capela de Nossa Senhora dos Aflitos, que representa o que sobrou do Cemitério dos Aflitos, primeiro cemitério público da cidade de São Paulo, inaugurado em 1774, onde se enterravam pessoas escravizadas.

Os postes foram retirados na última segunda (18), às vésperas do Dia da Consciência Negra, após um pedido da União dos Amigos da Capela dos Aflitos (Unamca). A entidade alegou que “as luminárias não têm a ver com o prédio histórico”.

Ao determinar a substituição das luminárias japonesas, a Prefeitura de São Paulo afirmou que “as lanternas, que remetem à imigração japonesa, foram consideradas inadequadas para o local, uma vez que o Beco dos Aflitos abriga a Capela de Nossa Senhora dos Aflitos, um marco histórico da época da escravidão no Brasil”.

Fachada da Capela de Nossa Senhora dos Aflitos, na Liberdade, antes da derrubada de postes com luminárias japonesas. Foto: Reprodução

A capela foi tombada pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórica da Prefeitura em 1978, poucos anos depois de o bairro ter recebido as lanternas, que faziam parte do plano criado por Randolfo Marques Lobato, presidente de uma comissão de moradores asiáticos que queria transformar a região em um “típico bairro japonês”.

A Liberdade é tema de discussão de entidades negras e indígenas há anos, e a pauta passou a ter visibilidade após a promessa da Prefeitura de São Paulo de criar o Memorial dos Aflitos, um complexo que deve abranger a capela, a rua e um sítio arqueológico descoberto em 2018 que tinha ossadas de nove pessoas enterradas.

O edital da obra foi publicado em 2022 e a previsão de entrega era para dezembro deste ano, mas houve a substituição do responsável pela criação do local após uma representante do escritório vencedor ser acusada de racismo.

Faltando cerca de um mês para o prazo de entrega estabelecido, as obras do Memorial ainda estão em fase de sondagem do solo.

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