‘Bitcoin não é mais moda passageira e veremos mais uso real’, diz diretor da BitGet

Durante três anos e meio, Min Lin representou a maior corretora de criptomoedas do mundo na América Latina, a Binance. Até que em outubro, o executivo mudou de casa para integrar o time da BitGet como o novo diretor de negócios para a América Latina, Ásia e Europa. 

“A BitGet cresceu exponencialmente nos últimos anos e, em parte, este é o motivo pelo qual fui atraído para entrar na empresa, sabe? Todo mundo conhece a Binance porque eles são os maiores, mas aqui tem um desafio de marca, diferentes frentes de negócios para crescer e evoluir”, disse Lin em entrevista exclusiva ao InfoMoney na sua passagem pelo Brasil. 

Lin irá atuar na expansão dos negócios em outros mercados, com destaque para os países latinos. Segundo ele, o Brasil é um dos países com maiores taxas de adoção de criptoativos.

“Bitcoin, assim como outros criptoativos, desempenham um papel muito importante na forma como os brasileiros veem os investimentos em geral.”

— Min Lin, diretor de negócios da BitGet para a América Latina

O momento é propício, já que o Bitcoin (BTC) tem renovado sucessivas vezes seu preço máximo nas últimas semanas e impulsionou todo o setor de criptomoedas. Os ETFs de Bitcoin e ethereum, recém aprovados nos EUA, também registram suas melhores captações e o segmento está em alta, não só entre os investidores, mas entre os reguladores. 

Leia a entrevista completa com Min Lin, novo diretor de negócios da BitGet: 

InfoMoney: Lin, quão emocionante é começar um novo emprego? Me conta, quais são os desafios da BitGet em 2025? 

Min Lin: É super emocionante. Estamos em um dos momentos mais emocionantes em cripto com as recentes flutuações do mercado. Eu fiz a transição da Binance para a BitGet há pouco tempo, então tem sido muito emocionante mergulhar neste espaço novamente, especialmente focando em nosso crescimento aqui na América Latina. 

Temos olhado continuamente para a contratação de talentos locais. Cerca de 70% de toda a nossa força de trabalho global na BitGet é de outras exchanges. Então, estamos realmente construindo muito da expertise dentro da própria equipe, mas também em termos de crescimento de nossos usuários, somos uma das bolsas de crescimento mais rápido em todo o mundo.

Ao longo deste ano, em comparação com 2023, vimos um aumento de 160% em termos de usuários ativos dentro da plataforma. Então, isso tem sido super encorajador para nós e esperamos poder continuar a desenvolver a plataforma para atender melhor localmente.

IM: Qual a importância da América Latina nessa estratégia e como o Brasil se encaixa? 

Lin: A América Latina tornou-se claramente uma prioridade estratégica para nós e vamos continuar a investir e crescer aqui, como mencionei, em termos de equipes locais. Agora estamos muito focados em criar campanhas e produtos que atraiam usuários latino-americanos. 

Como incentivamos as pessoas a entrar e como apoiamos os que estão tendo o primeiro contato? São alguns desafios. Ao mesmo tempo, olhamos também para coisas como o Bitcoin sendo a primeira cripto que as pessoas transacionam, porque é onde está todo o hype em termos de preço de token. 

O Brasil é um dos países com maiores taxas de adoção de criptoativos. E podemos ver que o Bitcoin, assim como outros criptoativos, desempenha um papel muito importante na forma como os brasileiros veem os investimentos em geral. A localização tem sido uma grande parte das estratégias atuais, porque como uma bolsa global e uma empresa global, muitos dos esforços no passado foram  voltados para a escala, certo? Agora estamos tentando focar mais em localizações em que vemos potencial para oferecer produtos com os quais as pessoas se identifiquem.

IM: O momento é muito bom para a BitGet, com o preço do Bitcoin nas alturas. Como você vê esse preço atual e o que espera para o mercado em 2025?

Lin: Bem, é muito difícil fazer uma previsão de preço, mas vimos muitos analistas, fundos de investimento, empresas de pesquisa, que deram suas previsões e suas opiniões. Elas variam de US$ 100.000 a US$ 200.000 neste ano, e vão a US$ 1,5 milhão e assim por diante nos anos seguintes. Nós, como plataforma, não fazemos uma previsão de preço, mas vemos o momentum crescendo continuamente. 

O Bitcoin como ferramenta é um dos ativos mais utilizados na indústria de criptomoedas. E vemos isso como uma boa reserva de valor, que continuará a impulsionar a adoção. Nos últimos dias, após o término das eleições [dos EUA], vimos enormes quantidades de entradas nos ETFs. Eles registraram mais de um bilhão de dólares em um único dia. 

O Bitcoin não é mais apenas uma moda passageira, algo em que apenas Bitcoiners ou entusiastas de criptomoedas estão investindo. Muitas instituições estão investindo nele e isso dá mais confiança no mercado. Dá mais confiança na própria indústria.

Min Lin, diretor de negócios da BitGet, em conversa com o InfoMoney. (Foto: Reprodução/YouTube @infomoney)

IM: Uma administração Trump pode ser realmente melhor para o mercado de criptomoedas? 

Lin: Você tem que olhar para os ambientes em termos de regulamentações dentro dos Estados Unidos nos últimos anos. Muito do que vimos dentro da nossa indústria foram ações dos reguladores. Essencialmente isso é ruim para a indústria no sentido de que os players e indústrias de criptomoedas dentro dos Estados Unidos estão buscando clareza regulatória, o que não foi dado a eles.

E eles têm buscado um lugar seguro para poderem fazer negócios. E esperamos que isso mude porque Trump essencialmente se colocou como muito pró-Bitcoin e pró-criptomoedas em geral. Então esperamos que essa visão continue a se manter quando ele assumir o cargo no ano que vem.

Definitivamente vemos isso sendo positivo para a indústria, para que a indústria floresça dentro dos Estados Unidos e mais globalmente. Porque as políticas dos EUA podem impactar bastante em termos de regulamentações globais também. E vemos que muitos países realmente admiram os Estados Unidos em termos do que eles fazem do ponto de vista regulatório e como eles adotam dentro de seus próprios mercados locais. Então, definitivamente haverá um efeito cascata que podemos ver nas eleições de Trump.

IM: Falamos muito sobre Bitcoin, mas e as outras criptomoedas. O que podemos esperar de outras criptomoedas? 

Lin: Isso não é uma recomendação de investimento, mas quando você olha para as ações, preços e as corridas de “touros” [movimentos de altas], geralmente vemos uma espécie de mudança do dinheiro indo para o Bitcoin e depois para as altcoins. Então, essencialmente, existem ciclos. Quando os preços do Bitcoin sobem, há muitos investimentos ali e depois as pessoas realizam lucros e vão para as altcoins. Vemos isso repetidamente, em vários ciclos de corridas de touros do Bitcoin.

Acreditamos que com a evolução da indústria, muitas moedas foram lançadas nos mercados. Há uma moeda meme a cada mês e há pessoas investindo muito em memes. Também vemos moedas que estão realmente contribuindo para um ecossistema, como Solanas, Ethereums e assim por diante, realmente bombando recentemente porque elas têm casos de uso reais. 

Então, eu acho que isso é algo que os mercados eventualmente irão analisar e encontrar maneiras de podermos olhar para tokens que realmente tenham utilidade no mundo real também.

IM: Os ETFs estão em um grande momento, ETFs de Bitcoin e ETFs de Ethereum nos EUA. Algumas pessoas acham mais atraente investir em ETFs, isso é algo ruim para as exchanges? 

Lin: Não, não acho que seja algo ruim para as exchanges. Na verdade, o que quer que ajude a espalhar a adoção institucional ou generalizada da indústria de criptoativos, é algo positivo para nós. 

Entendemos que os níveis de risco e o tempo de cada um para gerenciar suas próprias plataformas e portfólios são muito diferentes. Então , ETFs, são um porto seguro para pessoas que não querem lidar com exchanges ou salvar suas chaves privadas e coisas assim. 

Sempre que você está negociando ETFs, quando você olha para o público, são pessoas que depositam dinheiro e querem exposição ao Bitcoin e apenas o listam lá como uma retenção de longo prazo. Enquanto clientes de exchanges são investidores mais ativos que olham para as flutuações de preços, subindo e descendo e têm outro modelo de investimento. 

IM: Ainda sobre ETFs. Os fundos de Bitcoin tiveram muita adesão desde o lançamento nos EUA, mas os de Ethereum não atraíram a mesma atenção. O que esperar desses ETFs? 

Lin: Realmente, os ETFs de Ethereum não atraíram tanta atenção. É muito difícil para nós prever, mas vemos as eleições e o impacto que elas terão como um sinal positivo para os ETFs de Ethereum. O Ethereum tem sido um dos criptoativos mais antigos e se construiu com base nos casos de uso real. Então, definitivamente vemos que isso continuará a evoluir e os investimentos em ETFs também. Esperamos que obtenha tanta adoção institucional quanto os ETFs de Bitcoin, porque é daí que foi gerado volume nos ETFs de Bitcoin.

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