Após 25 anos, Mercosul e União Europeia estão perto de anunciar acordo

Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia e o presidente Lula. Reprodução

Após 25 anos de negociações, o acordo comercial entre Mercosul e União Europeia está mais próximo de se concretizar. Recentemente, em Brasília, avanços significativos foram feitos em temas pendentes, e o processo foi descrito por autoridades europeias como “decisivo”. Apesar disso, a decisão final dependerá de um entendimento político entre os líderes das duas regiões, que ainda enfrentam obstáculos estratégicos e pressões internas.

Os debates sobre a qualidade dos alimentos brasileiros, particularmente na França, têm gerado polêmicas e resistência ao acordo. Agricultores franceses, temendo a concorrência com produtos do Mercosul, organizaram protestos em diversas cidades. Parlamentares da França e Polônia também aprovaram resoluções simbólicas contra o pacto, com Paris alegando que um acordo sem seu aval seria inviável.

Por outro lado, países como Alemanha, Espanha, Portugal e os escandinavos são os principais aliados do Brasil na busca pela aprovação. O governo brasileiro conseguiu importantes concessões europeias, como a exclusão do setor de saúde do compromisso, evitando a abertura das licitações do SUS para empresas estrangeiras. Em contrapartida, o Mercosul exige garantias para evitar novas tarifas ambientais, que poderiam ser usadas para justificar protecionismo em 2025.

O acordo prevê a exportação de até 60 mil toneladas de carne do Mercosul por ano para a União Europeia, mas enfrentará resistência de produtores agrícolas europeus. Na França, o presidente Emmanuel Macron alertou que a aprovação poderia favorecer o discurso nacionalista da extrema direita em futuras eleições. Enquanto isso, o governo polonês já se manifestou publicamente contra o tratado, indicando a possibilidade de formar uma frente com outros países.

Ainda há incertezas sobre a postura de países como a Itália, que equilibra interesses protecionistas e a ambição de manter sua competitividade no mercado sul-americano, especialmente contra a China. O primeiro-ministro francês, Michel Barnier, planeja negociar com a primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, antes da cúpula do Mercosul, marcada para 5 e 6 de dezembro, onde um anúncio poderá ser feito, caso haja consenso.

Para o Brasil, as medidas ambientais propostas pela União Europeia continuam sendo um dos maiores entraves. O país busca um mecanismo que permita reequilibrar tarifas, garantindo competitividade para seus produtos enquanto protege setores estratégicos. As informações de Jamil Chade, do UOL.

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