Com Bolsonaro nu na trama golpista e PM matando até crianças e médicos em SP, Tarcísio silencia e some

Governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos). Foto: Marcelo S. Camargo/Governo de S. Paulo

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), tem evitado comentar publicamente os desdobramentos das investigações contra seu padrinho político, Jair Bolsonaro (PL). O ex-presidente foi indiciado pela Polícia Federal (PF) por suposto envolvimento em uma trama golpista, mas Tarcísio, tido como possível sucessor de Bolsonaro nas eleições de 2026, mantém distância do tema.

O governador se limitou a defender Bolsonaro em uma postagem nas redes sociais, afirmando que as acusações carecem de provas, mas tem evitado detalhar sua posição sobre o relatório da PF, que trouxe à tona graves acusações, incluindo um plano para assassinar lideranças políticas como Lula (PT), Geraldo Alckmin (PSB) e o ministro Alexandre de Moraes.

Em agendas públicas recentes, Tarcísio optou por não atender à imprensa, mesmo quando pressionado a comentar o relatório da PF. Durante o leilão da Nova Raposo e inaugurações em Mogi Guaçu, eventos realizados após a divulgação do inquérito, o governador encerrou entrevistas ou se recusou a falar.

Apesar de manter uma agenda movimentada, incluindo participação em eventos no Palácio do Planalto ao lado de Lula, Tarcísio preferiu focar em temas de infraestrutura e evitar menções à crise envolvendo Bolsonaro. Seu comportamento tem sido interpretado como uma tentativa de preservar sua imagem perante eleitores de centro e de evitar atritos tanto com a ala bolsonarista quanto com a oposição.

Aliados políticos veem a postura de Tarcísio como estratégica. Segundo parlamentares próximos, o governador busca consolidar uma imagem ponderada e evitar desgastes que possam comprometer sua candidatura presidencial em 2026. Ao mesmo tempo, há pressão de setores bolsonaristas para que ele demonstre maior lealdade ao ex-presidente, considerando que Bolsonaro foi crucial em sua vitória para o governo paulista. A orientação de conselheiros como Gilberto Kassab (PSD), que privilegiam o diálogo entre os Poderes, também contribui para o tom moderado de Tarcísio.

Crises na segurança pública em São Paulo têm aumentado a pressão sobre o governador, com recentes episódios de abuso policial e violência gerando críticas e pedidos de explicações. Casos como a morte de Ryan da Silva Andrade Santos, de 4 anos, e a prisão de um capitão da Polícia Militar por suspeita de lavagem de dinheiro destacaram a complexidade do cenário enfrentado por Tarcísio. Ele tem se manifestado apenas pontualmente, como ao defender punição para o policial envolvido no caso de um estudante de medicina baleado, mas evitou abordar a morte de Ryan.

O governado de SP, Tarcísio de Freitas, e o ex-presidente Jair Bolsonaro. Imagem: reprodução.

A relação de Tarcísio com Bolsonaro é alvo de análises de especialistas, que veem no silêncio do governador um reflexo da necessidade de equilibrar lealdade ao ex-presidente e ambições políticas próprias. O cientista político Cláudio Couto observa que Tarcísio não pode se afastar completamente do bolsonarismo, sob risco de perder espaço no campo político conservador. Ao mesmo tempo, sua postura cautelosa é vista como uma estratégia para se apresentar como opção viável a um eleitorado mais moderado.

Com sucessivas recusas a entrevistas, Tarcísio tem adotado uma postura evasiva em eventos públicos, frequentemente sinalizando que não falará com a imprensa. Em novembro, participou de pelo menos 14 eventos, mas respondeu a poucos questionamentos de jornalistas. As informações são da Folha de S. Paulo.

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