Novos avisos

editorial

  Um estudo inédito publicado nesta terça-feira na revista científica “Nature Communications” apontou que o derretimento total do gelo marinho do Ártico pode acontecer já no verão de 2027. Nas demais regiões do planeta, a perda do gelo marinho teria um efeito desestabilizador do clima, resultando mais eventos climatológicos extremos, principalmente no Hemisfério Norte. Os dados foram divulgados pelo portal G1.

  Os pesquisadores alertam que, apesar de o degelo já estar em ritmo acelerado e os eventos extremos do clima contribuírem diretamente para isso, qualquer diminuição nas emissões de gases poderia ajudar a frear o derretimento.

E é aí que reside o problema. A despeito dessas e de outras constatações, líderes das principais potências políticas e econômicas não se mostram sensíveis ao que está por vir. Ao contrário, os americanos foram às urnas no mês passado e garantiram o retorno do magnata Donald Trump à Casa Branca. No seu primeiro mandato e no período de vacância, ele se mostrou cético em relação aos fóruns de discussão envolvendo as mudanças climáticas. Seu próximo mandato, pois, deve ser marcado por investimentos na prospecção de petróleo, um dos principais fatores para o aquecimento global.

  Trump não está sozinho. Na América do Sul, o presidente argentino, Javier Milei, também rejeita as políticas de enfrentamento às emissões por considerá-las inoportunas, já que o planeta não está sob o risco anunciado pelos ambientalistas.

  Isto posto, não haverá surpresa se os players globais derem um passo atrás em nome do desenvolvimento. O próprio Brasil, um dos principais líderes da causa climática, dá indícios de algum recuo, sobretudo quando autoriza estudos para a prospecção de petróleo na Região Amazônica.

  Diante de tal cenário, a redução dos investimentos nas políticas de enfrentamento à instabilidade do clima pode provocar danos irreversíveis, sobretudo pelos problemas que já se fazem presentes pelo mundo afora. No Nordeste do Brasil, há casos de regiões ameaçadas pelo aumento do volume das águas do mar. Tal fenômeno também pode ser visto no Rio de Janeiro. Em todas essas regiões as perspectivas são preocupantes, pois a situação tende a se agravar.

Na recente reunião do G20, no Rio de Janeiro, o debate se concentrou em torno do necessário combate à fome, sem qualquer abordagem sobre o meio ambiente, salvo o anúncio de recursos para a Região Amazônica, feito pelo presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e de renovação de repasses advindos do governo norueguês. 

  Com Donald Trump na presidência, o apoio financeiro americano pode ter sido o último, o que coloca em xeque programas importantes desenvolvidos na região.

  O grave desse processo está na ausência de alternativas, mesmo com os cientistas lembrando ser possível mitigar os danos com simples investimentos. No entanto, observaram que tais medidas precisam sair do papel o mais breve possível sob o risco de,  quando saírem, já ser tarde demais.

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