“Indignação”: mãe de Isabella critica liberação de férias de Alexandre Nardoni no litoral de São Paulo

Ana Carolina Oliveira, mãe da menina Isabella Nardoni, morta e jogada de um prédio, em São Paulo, criticou o fato da Justiça ter liberado Alexandre Nardoni, condenado a 30 anos de prisão pelo crime, a passar as festas de fim de ano e férias no Guarujá, no litoral de São Paulo. A defesa do ex-detento fez o pedido, alegando que faz parte da ressocialização que ele possa “estabelecer um convívio mais próximo dos filhos”, o que foi acatado.

“É inegável meu sentimento de indignação e de revolta em relação a isso. São pessoas preocupadas com a liberdade deles enquanto eu mais um Natal sem minha filha. Parece que essas datas comemorativas se tornam piores. A dor cicatriza, mas a memória é latente”, disse Ana Carolina, em entrevista ao programa “Brasil Urgente”, da TV Bandeirantes.

“Eu fico indignada. Eu vejo que eles [condenados] têm mais benefícios que nós. Podem ir aonde querem, por que não tem uma Justiça que nega um pedido desse. Isso indigna uma sociedade também”, ressaltou a mãe de Isabella, que foi eleita vereadora na capital paulista.

Alexandre Nardoni cumpre pena em regime aberto desde maio passado. A defesa dele entrou com o pedido para que ele passasse o fim de ano e as férias no Guarujá, uma vez que, como medida cautelar, ele não pode se ausentar o endereço em que mora sem a devida autorização judicial.

O pedido foi analisado pela juíza Gabriela Marques da Silva Bertoli, que liberou que o ex-detento fique entre os dias 23 de dezembro a 3 de fevereiro em uma mansão da família em um condomínio de luxo no Jardim Acapulco, no Guarujá. Apesar disso, ele terá que seguir algumas regras, como não frequentar bares ou casas de jogos, além de ter que permanecer em casa entre 20h e 6h.

A defesa de Alexandre não foi encontrada para comentar o assunto até a publicação desta reportagem.

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Vida fora da cadeia

O condenado obteve a progressão de pena por apresentar “bom comportamento” e ser aprovado em exames psicológicos. Desde maio passado, reside na mansão do pai situada no bairro de Tucuruvi, na Zona Norte da Capital.

Após deixar a penitenciária de Tremembé, no interior paulista, Alexandre informou à Justiça que presta serviços para a construtora do pai, Antonio Nardoni, com remuneração mensal de R$ 2,5 mil.

Conforme o site “Metrópoles”, Alexandre abriu uma microempresa individual (MEI) e assumiu a função de promotor e vendas de imóveis na Marc Empreendimentos e Participações Ltda, com sede na Rua Doutor César, bairro de Santana. Ele trabalha em formato híbrido, sendo presencial e remoto, com direito à chamada “short friday”, que configura no expediente mais curto às sextas-feiras.

O contrato apresentado destaca que o ex-detento vai atuar na venda de apartamento novos e usados, além de realizar a “supervisão e acompanhamento de obras novas ou já finalizadas” para “eventuais correções e reparos”.

Ainda no contrato, Anna Carolina Jatobá, esposa de Alexandre, sentenciada a 26 anos e oito meses pela morte da enteada, consta como testemunha do acordo de trabalho.

Apesar de Alexandre garantir que os dois seguem firmes no casamento, eles não dividem o mesmo teto. Atualmente, ele reside na mansão do pai situada no bairro de Tucuruvi, onde passa os momentos de folga e finais de semana.

Enquanto isso, Anna Jatobá e os dois filhos do casal moram em um apartamento no bairro de Santana. Esse imóvel foi um presente do sogro para a condenada, para que ela pudesse retomar a vida após obter a progressão para o regime aberto, em junho do ano passado.

Morte de Isabella

Isabella Nardoni tinha cinco anos quando foi jogada pelo pai e pela madrasta da janela de um apartamento que ficava no sexto andar do Edifício London, no dia 29 de março de 2008, segundo a Justiça.

Inicialmente eles alegaram que foi uma queda acidental, mas a investigação apurou que a criança apresentava marcas de que tinha sido agredida e morta antes de ser arremessada.

O Ministério Público destacou durante o julgamento do casal que as provas periciais obtidas pela Polícia Civil não deixavam dúvidas sobre a autoria do assassinato. A acusação destacou que a madrasta esganou Isabella e, em seguida, o casal cortou a tela de proteção da janela e o pai jogou o corpo da criança.

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