Deputado pastor que orou por Lula gera guerra na bancada evangélica

O deputado federa Otoni de Paula (MDB-RJ), ex-bolsonarista, e o presidente Lula durante a sanção do Dia Nacional da Música Gospel. Foto: Ricardo Stuckert/PR

Ex-bolsonarista, deputado federal e pastor, Otoni de Paula (MDB-RJ) tem transformado a eleição para a presidência da bancada evangélica em uma briga. Ele, que viralizou recentemente por pedir orações para Lula, tem sido acusado de priorizar demandas do Palácio do Planalto.

Pastor do Ministério Missão de Vida, Otoni causou uma divisão no colegiado de religiosos e vem dizendo que seus adversários alinharam o grupo ao bolsonarismo. Ele era um apoiador fervoroso do ex-presidente Jair Bolsonaro e deu uma guinada ideológica recentemente.

Nas eleições municipais deste ano, ele abandonou o candidato bolsonarista à Prefeitura do Rio de Janeiro, Alexandre Ramagem (PL), e apoiou a reeleição de Eduardo Paes (PSD). Antes, ele apoiava o ex-presidente em eleições e votações na Câmara dos Deputados.

Para Otoni, a mudança mostra uma independência. Ele argumenta que a pauta de costumes sempre foi dos evangélicos e acabou sendo sequestrada por Bolsonaro após o alinhamento da bancada ao seu governo. “Os que me acusam de estar próximo ao governo por orar pelo presidente querem transformar a frente num puxadinho do bolsonarismo”, afirma.

O deputado federal Gilberto Nascimento (PSD-SP), rival de Otoni na disputa pela liderança da bancada evangélica. Foto: Agência Câmara

Apesar da briga na bancada, o principal adversário de Otoni pela presidência do grupo é Gilberto Nascimento (PSD-SP), que também defende o fim do isolamento de evangélicos. O temor dos membros do colegiado é que a atuação política se torne favorável ao governo Lula e pavimente uma aliança em 2026.

O ex-bolsonarista tem feito diversos elogios ao governo Lula e críticas a Bolsonaro, argumentando que o Bolsa Família ajuda os fiéis mais carentes e que o ex-presidente se apropriou do discurso conservador para dar poder e cargos a religiosos.

A divergência na bancada gerou até intervenção de Silas Malafaia, que indicou Gilberto para a disputa. O pastor bolsonarista, no entanto, nega e diz que o Planalto está trabalhando para garantir que Otoni seja o chefe do grupo.

Os evangélicos costumam entrar em consenso para definir a liderança e essa será a primeira votação da bancada para o posto. A eleição estava marcada para a última quarta (11), mas foi adiada após as brigas.

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