Gestor vê dólar forte, mas inflação pode levar Fed a subir os juros no meio de 2025

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O cenário macro ruim no Brasil tem levado gestoras a olhar cada vez mais de perto o mercado internacional. Isso, no entanto, exige observar de forma mais atenta o que acontece lá fora e suas peculiaridades econômicas.

Luiz Eduardo Portella, sócio-fundador e portfolio manager de renda fixa da Novus Capital, comentou sobre o assunto no episódio 145 do programa Outliers, apresentado por Clara Sodré, analista de fundo da XP, e Rodrigo Sgavioli, head de alocação da XP. Ele participou da atração ao lado de Rafael Gama, sócio e head de análise de crédito privado da Novus Capital.

Mercado internacional

“A gente tem focado mais no mercado internacional. Acho que vai ser a tendência. O cenário Brasil é ruim”, avalia Luiz Eduardo Portella. “A gente optou em concentrar em teses mais lá fora, e a principal delas é o dólar mais forte globalmente. É uma tese muito forte contra o euro”, afirma.

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O gestor vê Estados Unidos com o mercado muito robusto, com o PIB crescendo 3,5%. “A inflação caiu, ajudada pela parte de bens”, ressalta. Ele cita ainda que a elevada imigração fez diminuir a pressão sobre o mercado de trabalho.

“A inflação de bens já voltou a subir um pouco, parte de serviços continua com 3,5%, 4% (de inflação), a imigração fechou a fronteira e não vai ajudar mais daqui para frente. E a economia está crescendo 3,5%, com ativos da bolsa americana avançando.”

— Luiz Eduardo Portella, da Novus

Segundo ele, o Federal Reserve (Fed), o banco central americano, deve seguir cortando os juros.

“A gente gosta muito da tese do dólar forte no primeiro plano porque ele ganha em vários cenários”, diz. Portella acha que o mercado tem dúvidas se o presidente eleito, Donald Trump, adotará sua agenda nos Estados Unidos, mas ele crê que sim, apesar de fazer negociações.

Dólar forte, Europa enfraquecida

“Se a gente tiver uma guerra comercial com tarifas mais fortes, o dólar se valoriza”, aponta. O gestor vê a Europa muito enfraquecida, com questões geopolíticas e perdendo produtividade. Mas, ainda sobre os Estados Unidos, ele avalia que pode chegar a um momento que o país precise desacelerar a economia para a inflação ir para a meta de 2%.

“Pode-se chegar no meio do ano que vem, e a inflação começar a ir para 3,5%, 4%. Assim, o Fed pode concluir que vai ter que subir os juros. Aí pode ser o pior cenário para a bolsa (americana). Só isso para derrubá-la”, afirma.

Spreads de crédito apertados

Rafael Gama, por sua vez, analisou a questão do fechamento dos spreads no Brasil devido ao aumento da demanda do investidor por fundos de crédito privado.

“Quando a gente vai fazer uma análise dos spreads de crédito, a gente descobre que 70% do tambor quem está tocando a festa é o fluxo (de capitais para a classe de ativo). Se quer saber o que vai ditar o spread amanhã, 70% é o fluxo que ocorreu ontem”, diz.

Para ele, essa tese só muda quando se tem o evento micro específico, o que acaba alterando o fluxo de capital para a classe de ativo.

Fundada em 2018, a Novus Capital é uma empresa com mais de R$ 2,9 bilhões sob gestão.

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