Haddad diz acreditar em acomodação do câmbio: “Estamos fazendo a nossa parte”

O ministro Fernando Haddad, da Fazenda (Foto: Diogo Zacarias/MF)

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), afirmou nesta quarta-feira (18) que a disparada do dólar verificada nas últimas semanas é resultado de um momento de grande expectativa em torno da aprovação das medidas fiscais no Congresso Nacional. 

Em entrevista coletiva, o chefe da equipe econômica procurou demonstrar confiança em uma acomodação do câmbio nos próximos dias. Haddad também reiterou a necessidade de que as medidas de corte de gastos analisadas pelo Legislativo nesta semana não sejam “desidratadas”.

“Nós estamos fazendo a nossa parte, que é garantir que elas não sejam desidratadas, convencendo as pessoas de que são medidas necessárias para reforçar o arcabouço fiscal do ponto de vista da despesa”, disse o ministro. 

“Eu penso estar havendo uma compreensão boa [por parte dos parlamentares]. As conversas com os relatores estão boas. Ontem já passou uma na Câmara e hoje devem ser votadas as outras duas, inclusive a PEC [Proposta de Emenda à Constituição]”, prosseguiu Haddad. 

O ministro confirmou que se reunirá, no início da tarde, com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), para alinhar o calendário de votações dos projetos do pacote fiscal. 

“Vou conversar agora com o presidente Pacheco para ver a hora-limite dele receber as medidas para conseguir votar amanhã ou, no máximo, na sexta-feira, e conseguir fechar o Orçamento, que depende dessas medidas para ficar organizado de maneira a respeitar os limites orçamentários previstos nas regras fiscais”, afirmou Haddad.

Segundo o ministro da Fazenda,  “a escala da contenção de gastos vai ser mantida”. “É importante manter isso em um patamar próximo do desejo do Executivo, para que não haja a desidratação das medidas. Tudo o que nós precisamos é garantir receita e despesa para cumprir as metas pretendidas”, disse. 

“Neste momento em que as coisas estão pendentes, tem um clima de incertezas que vai fazer o câmbio flutuar. Mas eu acredito que ele vai se acomodar. Tenho conversado muito com as instituições financeiras. Previsão de inflação para o ano que vem, previsão de câmbio para o ano que vem, até aqui, são melhores do que aquelas que os especuladores estão fazendo. O câmbio flutua, o BC tem atuado, o Tesouro passou a atuar na recompra de títulos, e nós vamos continuar acompanhando até estabilizar”, minimizou Haddad. 

Ainda de acordo com o chefe da equipe econômica, “a Fazenda trabalha com fundamentos” e “esses movimentos mais especulativos são coibidos com intervenção do Tesouro e do BC”. 

“Funciona assim. Já houve outros momentos na história recente em que aconteceram desancoragens desse tipo. Já houve dias tensos que depois se acomodaram”, afirmou Haddad. 

“[O corte de gastos] Não é um trabalho que se encerra. Nós vamos acompanhar e fazer uma avaliação do que foi aprovado. Temos a questão da desoneração da folha, que tem uma pendência no Supremo que vamos precisar resolver”, completou.

Às 12h51, o dólar à vista subia 1,35%, a R$ 6,177 na compra e R$ 6,178 na venda

Na terça-feira, o dólar à vista encerrou o dia em alta de 0,1%, cotado a R$ 6,0982 – o maior valor nominal de fechamento da história.

Reforma tributária

Na entrevista aos jornalistas, Fernando Haddad também celebrou a aprovação da regulamentação da reforma tributária pela Câmara dos Deputados, na noite de terça-feira (17)

O texto agora segue para a sanção do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT)

“Foi um feito histórico, depois de mais de 30 anos de espera. Queria agradecer mais uma vez os presidentes das duas Casas. Sem que eles tivessem atuado pessoalmente na condução dos trabalhos, essa reforma teria sido impossível”, disse Haddad.

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