JPMorgan aposta em Direcional (DIRR3) e Cury (CURY3) em cenário de juros elevados

Com a taxa Selic prevista para atingir 15,25% até o final do próximo ano e o aumento contínuo do orçamento do FGTS para novas unidades no programa MCMV (Minha Casa, Minha Vida), o JPMorgan ressaltou sua preferência construtoras de baixa renda de alta qualidade, como Direcional (DIRR3) e Cury (CURY3), ambas com recomendação de compra e preço-alvo de, respectivamente, R$ 35 e R$ 24.

Na visão do banco, a alta dos juros pode impactar os custos de financiamento para o segmento de média e alta renda devido ao recente aumento do uso de fontes alternativas de financiamento pelos bancos fora do SBPE. Além disso, o ciclo de alta também é um obstáculo para o sentimento do consumidor, o que impactaria a velocidade de vendas no curto prazo.

De acordo com estimativas, o aumento esperado de 300 pontos-base na Selic poderia ter um impacto negativo de 90-210 pontos-base na velocidade de vendas das empresas de média e alta renda, com base nos dados do Secovi para a cidade de São Paulo.

Embora veja um potencial de alta atraente de 37% para Cyrela (CYRE3), analistas acreditam que o risco-recompensa é mais favorável para ações de baixa renda de alta qualidade.

A equipe de research do banco também lembra que os custos mais altos de financiamento trazem risco de queda na velocidade de vendas para as empresas de média e alta renda, incluindo a Eztec (EZTC3).

Por outro lado, o banco ressalta que não fez cortes em suas estimativas de lucro por ação (EPS), exceto para a MRV, já que o PIB deve continuar sólido em 2025, compensando o impacto das taxas de juros mais altas, de forma diferente do que aconteceu no período de 2014 e 2016 (taxas altas e PIB negativo/baixo).

A última vez que a Selic ficou acima de 14% entre 2014 e 2016, a velocidade média de vendas das empresas de média renda (CYRE+EZTC) foi de 24 e 35% por ano, contra 40 e 50% esperados para 2025, enquanto a margem bruta foi de 33 e 50%, contra nossa expectativa de 33 e 36% para 2025.

Para as empresas de baixa renda (MRV+TEND+DIRR, CURY), a velocidade de vendas foi de 40 e 46%, contra a expectativa de 50 e 57% para 2025, e a margem bruta foi de 19 e 30%, contra a expectativa de 29-36% para o próximo ano.

Na avaliação do JPMorgan, o fato de o PIB continuar positivo em 2025, contra uma média de -2,1% em 2014 a 2016, significa que a velocidade de vendas e as margens brutas podem não alcançar os níveis do passado.

Cury (CURY3)

O JPMorgan atribui seu otimismo com a construtora em função de i) retornos superiores, com expectativa de retorno sobre patrimônio líquiso (ROE) permanecendo em cerca de 60% nos próximos dois anos; ii) potencial de alta atrativo de 27% em relação ao preço-alvo para dezembro de 2025; e iii) execução premium, já que a empresa tem conseguido manter margens superiores, velocidade de vendas e geração de fluxo de caixa melhores do que seus pares.

Embora a recomendação de compra se baseie na visão de Cury como um investimento de valor (altos retornos e valuation atrativo), o JPMorgan acredita que há potencial de crescimento adicional devido à melhoria contínua no programa MCMV e à exposição da empresa à região de Porto Maravilha, no Rio de Janeiro, que também se beneficiou da nova lei de zoneamento da cidade.

Direcional (DIRR3)

O JPMorgan comenta que classificação de compra para Direcional reflete sua execução premium no segmento de baixa renda, bem como seu histórico comprovado e potencial de alta na margem bruta, que tem surpreendido positivamente o mercado nos últimos trimestres.

Além disso, o banco vê um potencial de valorização de 27% em relação ao preço-alvo para dezembro de 2025 e uma avaliação relativa mais atrativa em comparação com a Cury, com um Preço/Lucro estimado de 6,3 vezes para 2025.

O JPMorgan acredita ainda que a Direcional apresenta um menor risco de execução em relação aos seus pares, refletindo seu histórico como uma grande companhia, com lançamentos superiores a R$3 bilhões desde 2021.

Além disso, a Direcional possui uma parceria com a XP para acelerar o desenvolvimento da Direto (51% pertencente à DIRR), sua subsidiária focada em serviços financeiros, que também deve se beneficiar do aprofundamento financeiro no Brasil.

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