Jovens preferem legalização do aborto à da maconha para uso recreativo, diz pesquisa

Jovens são mais favoráveis à legalização do aborto do que da maconha. Foto: Divulgação

Uma pesquisa realizada pelo ‘Sou Ciência’, Centro de Estudos Sociedade, Universidade e Ciência da Unifesp, revelou dados importantes sobre as opiniões dos jovens brasileiros de 18 a 27 anos em relação a questões sociais polêmicas. O levantamento mostrou que os jovens brasileiros são mais favoráveis à legalização do aborto voluntário do que ao uso recreativo de maconha, refletindo divergências nas atitudes em relação a temas considerados progressistas.

Segundo os resultados, 40,8% dos jovens entrevistados se mostram a favor da legalização do aborto, enquanto apenas 33,3% defendem a legalização da maconha para uso recreativo.

O estudo, que foi conduzido entre 16 e 23 de setembro de 2024, entrevistou 1.034 pessoas de todas as regiões do Brasil e teve margem de erro de 3 pontos percentuais. A pesquisa revelou que a classe social e a orientação política têm grande influência sobre as opiniões dos jovens em relação a essas questões.

Os jovens de classes mais altas (A e B) demonstraram um maior apoio à legalização do aborto e da maconha, com 46,3% dos jovens das classes A e B favoráveis ao aborto, em comparação com 32,9% nas classes D e E. No caso da maconha, 36,8% dos jovens das classes A e B apoiam sua legalização, enquanto apenas 29,7% dos jovens das classes D e E compartilham da mesma opinião.

A orientação política também se mostrou um fator decisivo. Entre os jovens que se identificam com a esquerda e centro-esquerda, a legalização do aborto e da maconha tem mais apoio, com 68,6% a favor do aborto e 54,4% favoráveis à legalização da maconha. Já entre os jovens de direita e centro-direita, esses números caem significativamente, com apenas 25% apoiando o aborto e 19,8% a favor da maconha.

Cigarro de maconha. Foto: Divulgação

Outro dado relevante da pesquisa foi a grande quantidade de jovens que se consideram “nem-nem”, ou seja, aqueles que não se identificam com nenhum espectro político ou não possuem uma posição definida sobre os temas debatidos. Cerca de 66% dos jovens entrevistados se disseram sem opinião política clara ou não quiseram se posicionar, refletindo uma apatia política entre a juventude brasileira.

A pesquisa também abordou a questão do casamento civil entre pessoas do mesmo sexo, um direito assegurado no Brasil desde 2011. Os dados mostram que menos da metade dos jovens (44,3%) é favorável ao casamento homoafetivo.

A renda e a religião desempenham um papel fundamental na formação da opinião sobre este tema. Entre os jovens de classes A e B, 48,5% são a favor do casamento homoafetivo, enquanto entre os das classes D e E, o apoio cai para 35,4%.

A religião também influencia fortemente as opiniões sobre o casamento entre pessoas do mesmo sexo. Jovens ateus demonstram maior apoio, com 58,6% favoráveis, seguidos por católicos (48,8%). Por outro lado, protestantes e evangélicos apresentam o menor apoio, com apenas 26,3% concordando com a legalização do casamento homoafetivo.

De acordo com Pedro Arantes, coordenador da pesquisa, os dados mostram que a expectativa de que os jovens seriam mais abertos a temas progressistas não se confirma. “Havia uma expectativa de que os jovens fossem mais abertos a esses temas, por estarem mais imersos nessas situações do que os mais velhos. Mas os dados nos mostram outra realidade, menos da metade deles são favoráveis a pautas mais progressistas de comportamento”, afirmou ele.

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