Esquerda e direita enfrentam desafios na renovação de líderes para eleições de 2026

O presidente Lula (PT) e Jair Bolsonaro (PL) durante o debate Folha/UOL/Band/Cultura. Foto: Marlene Bergamo

Com a aproximação da disputa presidencial de 2026, o Brasil enfrenta o desafio de identificar quem poderá suceder figuras como o presidente Lula (PT) e Jair Bolsonaro (PL), inelegível até 2030. A ausência desses dois líderes, que polarizaram as eleições de 2022, traz à tona a dificuldade de renovação política em um cenário que ainda carece de nomes competitivos em ambos os espectros.

Conforme reportagem da Folha de S.Paulo, a dependência do PT em torno de Lula voltou a ser debatida após os recentes problemas de saúde do presidente, levantando dúvidas sobre sua participação em uma futura eleição. Ministros como Fernando Haddad e Rui Costa são citados como possíveis sucessores, mas enfrentam barreiras para consolidar-se como líderes nacionais.

Na direita, nomes como Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), Ronaldo Caiado (União Brasil-GO), Romeu Zema (Novo-MG) e Ratinho Jr. (PSD-PR) surgem como potenciais herdeiros do legado político de Bolsonaro. Além disso, especula-se sobre a atuação de membros de sua família, como sua esposa e filhos, além de figuras externas como Pablo Marçal (PRTB).

Entre os nomes em ascensão, João Campos (PSB-PE) e Nikolas Ferreira (PL-MG) são vistos como promissores para os dois campos ideológicos, mas enfrentam limitações relacionadas à idade, experiência e abrangência territorial. Simone Tebet (MDB), que obteve 4% dos votos nas eleições de 2022, é um exemplo de tentativa de consolidar uma liderança nacional.

Bandeiras de apoio a Bolsonaro e a Lula agitadas por apoiadores em Brasília
Bandeiras de apoio a Bolsonaro e a Lula agitadas por apoiadores em Brasília. Foto: Ueslei Marcelino

Felipe Soutello, marqueteiro da campanha de Tebet, avalia que “não existe vácuo na política” e que “as forças se organizam para ocupar os espaços,” mas ressalta que a construção de um líder nacional em um país continental como o Brasil exige tempo e circunstâncias favoráveis. Ele destaca que o resultado obtido por Tebet, hoje ministra, foi positivo em sua primeira eleição nacional.

A ex-senadora Ana Amélia Lemos (PSD-RS) ressalta que as redes sociais são ferramentas importantes para projetar novas lideranças, especialmente à direita, mas critica a substituição de valores como confiança e biografia por posturas polarizadoras e agressivas.

A cientista política Vera Chaia observa que, desde as manifestações de junho de 2013, a direita conseguiu explorar melhor o potencial das redes sociais e renovar lideranças, enquanto a esquerda permaneceu excessivamente dependente de Lula.

“A direita tem mais nomes com potencial de alcance nacional hoje, enquanto a esquerda ainda busca alternativas,” analisa Chaia.

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