Mia Couto e Agualusa confirmam segurança em meio a protestos em Moçambique

José Eduardo Agualusa e Mia Couto. Foto: Divulgação

Escritores e leitores brasileiros de Mia Couto e José Eduardo Agualusa, ambos residentes em Moçambique, estão preocupados com os recentes acontecimentos políticos e os protestos violentos que abalaram o país.

Desde a ratificação dos resultados das eleições gerais de 2023, em que o candidato da Frelimo, Daniel Chapo, foi proclamado vencedor, a situação no país se agravou, com ao menos 56 mortos e 152 feridos em dois dias de protestos violentos. Os manifestantes contestam os resultados, alegando fraudes eleitorais e exigindo “a verdade eleitoral”.

Em meio a esse cenário de instabilidade, Mia Couto e José Eduardo Agualusa, que são figuras proeminentes da literatura moçambicana, tranquilizaram seus seguidores e amigos, explicando que, embora a situação seja tensa, não correm risco imediato.

Em uma mensagem compartilhada em uma comunidade de escritores brasileiros, Mia Couto agradeceu as manifestações de apoio e informou que ele e sua família conseguiram se refugiar na África do Sul. Já Agualusa, junto de sua companheira e filha, também se encontra fora de Moçambique.

A violência, que teve início após a confirmação da vitória de Chapo nas eleições presidenciais, se espalhou rapidamente pela capital, Maputo, e outras regiões do país. O governo de Moçambique informou que os confrontos deixaram 21 mortos, incluindo dois policiais, e centenas de feridos.

A situação é descrita como caótica, com barricadas nas principais estradas e manifestações que tomaram as ruas, bloqueando o acesso ao aeroporto internacional da cidade.

Daniel Chapo. Foto: Divulgação

A polícia, com apoio de veículos blindados, patrulha as áreas afetadas, enquanto milhares de cidadãos estão trancados em casa devido à violência. Estabelecimentos comerciais, bancos, supermercados e prédios públicos foram saqueados, e muitos serviços essenciais, como o hospital central de Maputo, operam em condições críticas.

Em uma declaração ao jornal local, o diretor do hospital afirmou que mais de 200 funcionários não conseguiram chegar ao trabalho, e mais de 90 feridos foram recebidos, muitos com ferimentos graves, como balas e facadas. O clima de medo e incerteza toma conta da cidade, especialmente na véspera do Natal.

O governo de Moçambique, por meio do Ministério do Interior, relatou que mais de 236 “atos de violência grave” foram registrados, incluindo incêndios em veículos e delegacias, e ataques a centros de detenção. Mais de 70 pessoas foram detidas, e dezenas de manifestantes exigem uma apuração mais rigorosa dos resultados eleitorais, alegando que houve fraudes e falta de transparência nas apurações.

A União Europeia também expressou preocupação com a violência no país e pediu “moderação a todas as partes”. As manifestações em Moçambique refletem um descontentamento generalizado com a manutenção do poder pela Frelimo, que governa o país desde a sua independência, em 1975. A tensão política é exacerbada pela desigualdade econômica que persiste em Moçambique, um dos países mais desiguais do mundo.

Os protestos refletem a crescente insatisfação popular, principalmente no norte do país, onde a oposição é mais forte. O líder opositor Venâncio Mondlane, que perdeu as eleições para Chapo, acusou o Conselho Eleitoral de “legalizar a fraude” e defendeu que a luta pela “verdade eleitoral” deve continuar.

Apesar das tensões, o governo confirma a vitória de Daniel Chapo, que obteve 65% dos votos, enquanto Mondlane recebeu 24%. O país agora vive um clima de incerteza e insegurança, com a população exigindo uma mudança no sistema eleitoral e maior transparência nas apurações.

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