Desembargadores se declaram suspeitos em processo após jantar com Hang

Luciano Hang (ao fundo, de pé) oferece jantar de Natal a desembargadores e juízes de Santa Catarina em sua mansão em Brusque (SC) (crédito: arquivo pessoal)

A desembargadora Haidée Denise Grin, que participou de um jantar promovido pelo empresário Luciano Hang no dia 16 de dezembro, mostrado em primeira mão pelo DCM, declarou-se suspeita para julgar um recurso envolvendo o dono da rede de lojas Havan. Segundo a Folha de S.Paulo, a magistrada determinou a redistribuição do processo após o episódio vir à tona.

O jantar de Natal, organizado por Hang, contou com a presença de pelo menos outros 10 magistrados da Justiça Estadual de Santa Catarina. O evento ocorreu em um imóvel histórico da mansão do empresário em Brusque (SC).

Entre os participantes confirmados estavam os desembargadores Stephan Klaus Radloff, Saul Steil, José Everaldo Silva, Túlio José Moura Pinheiro, Ernani Guetten de Almeida, Gilberto Gomes de Oliveira, André Carvalho e Jairo Fernandes Gonçalves, além dos juízes Sérgio Agenor de Aragão e Leandro Passig Mendes.

Relatora do caso desde outubro, Haidée justificou sua decisão de se afastar do processo devido ao contato com uma das partes envolvidas. “Adoto essa medida para que não paire qualquer dúvida sobre minha imparcialidade no exercício da judicatura”, declarou em despacho assinado no dia 19 de dezembro, um dia após a revelação do evento.

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Luciano Hang e o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Foto: reprodução

Após a redistribuição, o caso foi encaminhado ao desembargador André Carvalho, que também esteve presente no jantar do bolsonarista. Em 20 de dezembro, Carvalho seguiu o mesmo caminho e declarou sua suspeição.

“Diante de recente contato estabelecido com uma das partes, a qual, até então, não conhecia pessoalmente, declaro-me suspeito para julgar o presente processo, a fim de evitar questionamentos futuros e garantir a confiança na justiça”, afirmou ele em despacho. Com isso, o recurso precisará ser redistribuído novamente.

A assessoria de Luciano Hang informou que o jantar foi parte de “uma visita à restauração da Casa Renaux, construída há 115 anos, que estava destruída e faz parte da história da cidade de Brusque e do estado de Santa Catarina.”

O recurso em questão foi protocolado pela defesa do professor Guilherme Howes Neto, morador de Santa Maria (RS). Neto foi condenado no início do ano a pagar R$ 20 mil a Hang por danos morais, em razão de publicações em redes sociais que o empresário considerou difamatórias.

A condenação foi proferida pelo juiz Gilberto Gomes de Oliveira Junior, da 1ª Vara Cível de Brusque, filho do desembargador Gilberto Gomes de Oliveira, também presente no jantar.

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