Mais da metade das cidades do Brasil sofre com falta de vacinas

Mãos com unhas pintadas de vermelho segurando vacina e seringa
Imagem ilustrativa – Agência Brasil

Um levantamento da Confederação Nacional de Municípios (CNM), realizado entre 29 de novembro e 12 de dezembro e divulgado pela Folha de S. Paulo nesta sexta-feira (27), revelou que 65,8% dos municípios brasileiros enfrentam desabastecimento de vacinas.

A pesquisa, que abrangeu 2.895 municípios, apontou a vacina contra a varicela (catapora) como a mais afetada, estando em falta em 52,4% das cidades (1.516), com desabastecimento médio superior a 90 dias. A vacina contra Covid para adultos também apresenta problemas, sendo indisponível em 25,4% das localidades (736), com uma média de 45 dias sem reposição.

Paulo Ziulkoski, presidente da CNM, destacou que o desabastecimento reflete “irregularidade nos estoques, que devem ser garantidos pela União, uma vez que essa é uma responsabilidade do Ministério da Saúde”.

Ele também alertou que a combinação de falta de doses e a percepção de “relaxamento” da população em relação à vacinação pode agravar a situação. Já o Ministério da Saúde, por meio de Eder Gatti, diretor do Programa Nacional de Imunizações, afirmou que “o Ministério cumpre o seu papel na aquisição das vacinas e, em dezembro, tivemos o atendimento de 100% do que foi solicitado pelos estados”.

Aplicação de vacina contra a Covid-19 em Niterói (RJ). Foto: Alex Ramos

Apesar das declarações do Ministério, Gatti admitiu problemas específicos com a vacina de varicela, devido a atrasos na produção pelo fornecedor, e prometeu que “a regularização deve ocorrer no início de 2025”. Sobre a vacina contra Covid, ele garantiu que há estoques disponíveis, com distribuição realizada no final de novembro e início de dezembro. No entanto, outros imunizantes também estão em falta, como a vacina DTP, que protege contra difteria, tétano e coqueluche, indisponível em 18% dos municípios (520), em um cenário agravado pelo maior surto de coqueluche desde 2014.

O levantamento também apontou desabastecimento de vacinas como a meningocócica C, contra meningite, ausente em 12,9% dos municípios (375); a tetraviral, que protege contra sarampo, caxumba, rubéola e varicela, em 11,6% (337); e a vacina contra febre amarela, em 9,7% (280). Santa Catarina lidera o ranking de estados afetados, com 87% dos municípios registrando falta de imunizantes, seguido por Ceará (86%), Espírito Santo (84%) e Minas Gerais (83%).

O problema atinge todas as regiões do país, com 72% dos municípios do Sudeste relatando desabastecimento (791), seguidos pelo Centro-Oeste (67%, com 142 cidades), Nordeste (64%, com 360 cidades), Sul (63%, com 547 cidades) e Norte (42%, com 64 cidades). Embora o Ministério da Saúde alegue ter atendido todas as solicitações estaduais, a logística compartilhada entre governo federal, estados e municípios parece estar enfrentando desafios significativos.

A situação se torna ainda mais preocupante diante do aumento de 60% nos casos de Covid na primeira semana de dezembro, conforme registrado pelo Ministério da Saúde. Especialistas destacam a importância de garantir estoques regulares para evitar impactos ainda maiores na saúde pública, especialmente em um momento de alta nos casos de doenças que poderiam ser prevenidas por vacinas, como a coqueluche e a varicela.

Conheça as redes sociais do DCM:
⚪️Facebook: https://www.facebook.com/diariodocentrodomundo
🟣Threads: https://www.threads.net/@dcm_on_line

Adicionar aos favoritos o Link permanente.