Ibovespa fecha ano com queda de 10%, maior baixa desde 2021; o que esperar para 2025?

ações em queda

O Ibovespa subiu nesta segunda-feira (30), último pregão do ano, com apoio do desempenho positivo das ações da Petrobras (PETR4) e Vale (VALE3), mas fechou com queda 10,36% no ano, seu pior desempenho desde 2021, quando caiu quase 12%.

Entre os fatores que pesaram no ano, a desconfiança com o fiscal no Brasil foi o principal ponto para a desvalorização em 2024. O cenário exterior também passou a se desenhar como mais desfavorável, com destaque para a manutenção dos juros ainda altos nos Estados Unidos, além das incertezas sobre a economia chinesa.

Já na sessão desta segunda, o índice, referência do mercado acionário brasileiro, subiu 0,01%, a 120.283,40 pontos, tendo marcado 120.267,05 pontos na mínima e 121.049,75 pontos na máxima.

O volume financeiro somou R$ 17,76 bilhões, em dia de agenda esvaziada antes da véspera de Ano Novo.

Para o analista Hayson Silva, da Nova Futura Investimentos, a performance levemente positiva na sessão também sugeriu uma reação do mercado à decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Flávio Dino, no domingo, de flexibilizar determinação anterior de bloqueio de R$ 4,2 bilhões em emendas de comissão, o que pode melhorar o ambiente no Congresso para a aprovação de matérias da agenda fiscal do governo.

“A gente está enxergando a possibilidade de uma recuperação por conta dessa liberação”, mesmo em meio às expectativas mais elevadas do mercado para a inflação, afirmou Silva.

O mercado financeiro subiu pela décima primeira vez seguida suas projeções para a inflação ao final de 2025, e também aumentou as expectativas para a taxa básica de juros ao final de 2026, de acordo com a última edição de 2024 do relatório Focus divulgada pelo Banco Central nesta segunda-feira.

O desempenho do real ante o dólar norte-americano também seguia no radar de investidores nesta segunda. “A gente tem a formação de Ptax e isso pode continuar pressionando a moeda brasileira”, disse o analista.

A agenda doméstica ainda contou com divulgação de dados do setor público brasileiro, que registrou em novembro um déficit primário de R$ 6,620 bilhões, resultado um pouco melhor do que o esperado pelo mercado, enquanto a dívida pública recuou ligeiramente como proporção do Produto Interno Bruto (PIB).

Nos Estados Unidos, os índices em Wall Street tiveram queda, com os fracos volumes de negociação e a alta dos rendimentos dos Treasuries obscurecendo a força tradicional das ações no fim do ano.

Visões para 2025

Ao longo do ano, e principalmente após as decepções com o fiscal, os analistas de mercado encerraram o ano mais pessimistas com o Ibovespa para 2025, ainda que projetando valorização para o índice para o próximo ano.

Já perto do fim de 2024, o banco suíço Julius Baer cortou a sua exposição em ações brasileiras de overweight (exposição acima do mercado) para neutra devido à corrosão da credibilidade fiscal.

O Morgan Stanley também reduziu recentemente a sua exposição para o Brasil na região para underweight (exposição abaixo da média do mercado, equivalente à venda), justamente por conta do risco político e preocupações fiscais. Para o banco, no Brasil, os riscos de dominância fiscal, caracterizado por um cenário em que a política monetária perde eficácia devido a um desequilíbrio nas contas públicas, são muito altos. Na visão dos estrategistas, “as coisas ainda podem piorar, antes de melhorar.” O banco, ainda assim, tem uma projeção para o cenário-base do Ibovespa para 2025 a 146 mil pontos.

O JPMorgan também rebaixou o Brasil no portfólio de América Latina. Para os estrategistas, embora as avaliações pareçam muito atraentes e o posicionamento leve para ambos os mercados, estão mudando a sua preferência para o México com base em três pontos principais, mas também destacando outros pontos: 1) o cenário global favorece o México; 2) o Brasil está aumentando as taxas enquanto o México está cortando os juros; 3) o novo governo do México ainda precisa mostrar a que veio, dando assim o benefício da dúvida.

O Santander projeta um cenário desafiador para o Brasil em 2025, em que os preços dos ativos devem enfrentar fraquezas pontuadas por breves períodos de recuperação ou estabilização. A preocupação também se estende aos investidores institucionais locais e estrangeiros, que, segundo o banco, estão adotando uma postura mais conservadora, com reforço em posições em caixa e um fluxo reduzido de investimentos externos.

Os analistas do banco ajustaram o preço-alvo para o Ibovespa em 145 mil pontos no final de 2025. O banco destaca que a deterioração fiscal continua sendo uma preocupação central para os investidores, o que reflete em uma elevação na curva de rendimento e uma desvalorização acentuada do real.

(com Reuters)

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