Fundo de energia limpa sobe 19% no pior ano dos FIIs desde 2020; ‘high yield’ cai 47%

Usinas fotovoltaicas (UFV) do projeto San Remo em João Pinheiro (MG). Foto: FII SNEL11

O Ifix – índice dos fundos imobiliários mais negociados na Bolsa – engatou um mini rali (cerca de 9% de alta) nas últimas cinco sessões de 2024 e recuperou boa parte das perdas acumuladas ao longo dos últimos meses. Após ficar negativo em mais de 13%, o indicador atenuou a queda e fechou o ano com baixa de 5,8%.

O resultado está bem distante, por exemplo, do observado em 2023, com alta de 15% – melhor resultado anual desde 2019. Mas a recuperação na reta final de 2024 surge como um alívio para o investidor em um ano um tanto desafiador.

“Fatores como o crescimento da curva de juros e a incerteza no cenário fiscal [explicam o desempenho negativo dos FIIs]”, detalha Murilo Marchesini, sócio-fundador da Finamob, especialista em mercado imobiliário. “Ambos os fatores acabaram prejudicando o mercado de FII’s e trouxeram dificuldade em novas captações e desconto no valor das cotas”, pontua.

Leia também: Selic em 12,25%: Como ficam os investimentos em renda fixa, ações, FIIs e no exterior

A queda de 5% em 2024 representa o pior desempenho do Ifix desde 2020, quando o indicador registrou perdas de 10,24%. Confira mais destaques do ano no mercado de fundos imobiliários.

FIIs que mais subiram em 2024

O Suno Energias Limpas (SNEL11) encabeçou a lista das maiores altas do ano, com ganhos acima de 19%. Na sequência, aparecem o Kinea Unique HY (KNUQ11) e o Mérito Desenvolvimento Imobiliário (MFII11). Veja a lista.

Ticker Variação em 2024 (%) Variação em dezembro (%)
SNEL11 19,5 0,69
KNUQ11 13,56 0,69
MFII11 13,38 -0,47
KNHY11 11,73 0,52
KNCR11 10,73 0,01

Fonte: B3

Criado em dezembro de 2022, o Suno Energias Limpas (SNEL11) tem um patrimônio de R$ 132 milhões e atua no desenvolvimento de usinas fotovoltaicas ou na compra de projetos já finalizados.

“Após as obras serem finalizadas, as usinas passam por um processo de conexão junto a infraestrutura da distribuidora local, para depois serem locadas a consumidores que buscam usufruir dos benefícios da geração distribuída”, detalha a tese do fundo.

Nos últimos 12 meses, o dividend yield (taxa de retorno com dividendos) do SNEL11 está em 13,86%. Na semana passada, o fundo depositou R$ 0,10 por cota – equivalente a uma dividend yield mensal de 1,14%.

“Atualmente, os proventos estão sendo suportados com auxílio dos resultados provenientes de operações compromissadas realizadas com o caixa remanescente”, destaca o relatório gerencial da carteira. “No entanto, espera-se que, progressivamente, os resultados do fundo sejam cada vez mais sustentados pelas receitas de locação”, completa o texto.

Atualmente, o portfólio do fundo é composto por certificado de recebíveis imobiliários, os CRIs, (56%) e usinas fotovoltaicas (37%).

Fonte: FII SNEL11

FIIs que mais caíram em 2024

Na outra ponta da lista encabeçada pelo SNEL11 está o Hectare CE (HCTR11), fundo classificado como high yield, de maior risco, que caiu 47% em 2024. Veja a lista completa das maiores baixas do ano.

Ticker Variação em 2024 (%) Variação em dezembro (%)
HCTR11 -47,36 -30,42
RECT11 -32,34 1,49
BLMG11 -27,99 -19,59
VINO11 -27,82 0,6
ZAVI11 -26,14 -20,6

Fonte: B3

Considerado um FII de “papel” – que investe em títulos de renda fixa – o HCTR11 tem o patrimônio alocado predominantemente em certificados de recebíveis imobiliários (CRI). Nos últimos anos, alguns papéis da carteira sofreram com uma inadimplência em série.

Em dezembro, o fundo acumulou queda de mais de 30%. A desvalorização teve início após o anúncio de que não haveria distribuição de rendimentos no mês.

Leia também: FII HCTR11 despenca 20% após zerar dividendos em dezembro

O patrimônio líquido do fundo está estimado em R$ 2,5 bilhões, mas o valor de mercado atual representa pouco mais de R$ 400 milhões.

Retomada veio para ficar? O que esperar para 2025?

Apesar de ensaiar uma recuperação nos últimos pregões de 2024, o mercado de FIIs ainda vive incertezas sobre uma possível reversão de tendência, avalia Marcelo Hannud, CEO e fundador da Aurea Finvest.

“As incertezas macroeconômicas persistem e as últimas projeções do Boletim Focus, por exemplo, refletem isso”, detalha. “O impacto disso na economia está parcialmente precificado, mas a questão é quando será feita a reversão dessas expectativas”, questiona. Para ele, até o momento, não há sinalização desse prazo.

No último relatório do Banco Central, as projeções dos analistas para inflação e dólar em 2025 voltaram a subir. A mediana para o IPCA do ano que vem subiu pela décima primeira semana consecutiva, de 4,84% para 4,96%. Já a expectativa para o câmbio subiu pela nona semana seguida, de R$ 5,90 para R$ 5,96.

Leia também: Analistas elevam mais uma vez projeções para dólar e inflação em 2025

Diante do cenário, Hannud vê como segmentos mais promissores no mercado de FIIs os considerados defensivos – que geram um fluxo de pagamento de dividendos já contratados e menos voláteis.

“São FIIs cujos ativos já estão performados, que têm fluxo de recebimentos (aluguéis ou vendas) de clientes com risco de crédito mais favorável, e de segmentos mais resilientes”, pontua. “FIIs com teses mais arriscadas, como desenvolvimento ou ligados ao varejo tendem a sofrer mais em períodos de incertezas”, complementa Hannud.

Marchesini, da Finamob, vai na mesma linha e, diante das incertezas no cenário macro, sugere alocações em fundos mais consolidados que ofereçam menor risco e menos volatilidade.

“A aposta deve ser pautada nas oportunidades mais high grade (de menor risco)”, recomenda. “Já as oportunidades com maior risco – os fundos chamados high yield – devem ser vistas com mais cuidado neste momento”, pondera.

FIIs que mais pagaram dividendos em 2024

O Cartesia Recebíveis Imobiliários (CACR11) encerra 2024 com o maior retorno com dividendos (dividend yield) entre os principais FIIs do mercado. Em um ano marcado pela depreciação das cotas, o fundo registrou uma taxa superior a 16%. Confira a lista completa dos maiores pagadores.

The post Fundo de energia limpa sobe 19% no pior ano dos FIIs desde 2020; ‘high yield’ cai 47% appeared first on InfoMoney.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.