2 ações saltam mais de 100% e 5 caem ao menos 60%: os destaques do Ibovespa em 2024

Painel de cotações da B3 em São Paulo

O Ibovespa fechou com queda acumulada de 10,36% em 2024, seu pior desempenho desde 2021, quando caiu quase 12%.

Entre os fatores que pesaram no ano, a desconfiança com o fiscal no Brasil foi o principal fator para a desvalorização em 2024. O cenário exterior também passou a se desenhar como mais desfavorável, com destaque para a manutenção dos juros ainda altos nos Estados Unidos, além das incertezas sobre a economia chinesa.

Enquanto isso, o dólar saltou 27% no ano, o que, junto com o cenário de alta de juros, levou a um forte abalo de ações de companhias endividadas na divisa americana, assim como para as ações domésticas. Na outra ponta, a Embraer (EMBR3) foi a grande disparada do ano, assim como os frigoríficos subiram forte, com a maior alta do setor ficando para Marfrig (MRFG3): tanto EMBR3 quanto MRFG3 saltaram mais de 100%. Cabe ressaltar que apenas 15 ativos do Ibovespa subiram em 2024.

Confira os destaques de baixa e alta do ano:

Maiores baixas

Azul (AZUL4, -77,89%)

A ação da Azul registrou a maior queda do Ibovespa no ano com uma “tempestade perfeita” para o setor de aviação, envolvendo tanto questões macro quanto micro para as companhias.

Logo no início do ano, as ações sofreram na Bolsa e tiveram queda de 16% em janeiro, mês marcado pelo pedido de recuperação judicial da sua rival Gol (GOLL4) nos Estados Unidos.  Apesar de algumas casas terem visto AZUL4 como uma possível beneficiária da possível maior restrição das operações da rival, o mercado não reagiu desta forma e viu mais riscos para as aéreas em geral, tendo apenas algumas sessões de ânimo com notícias sobre conversas entre as duas companhias para uma fusão.

Contudo, um baque maior aconteceu em agosto: apenas no dia 29 daquele mês, as ações AZUL4 caíram 24% em meio à notícia da Bloomberg de que a aérea estaria considerando diversas opções para lidar com sua dívida (incluindo uma oferta de ações e a solicitação de proteção contra credores nos EUA, conhecida como Chapter 11), analistas de mercado revisitaram o cenário de investimentos da companhia e também avaliaram as falas mais recentes dos seus executivos.

Durante a teleconferência de resultados do 2T24, a gestão da Azul já havia comentado sobre as preocupações com os passivos diferidos do período da pandemia e as renegociações necessárias com os credores, dado que o preço das ações da Azul estava significativamente abaixo do valor de R$ 36 acordado para a conversão da dívida em equity. Com um balanço mais fragilizado pela desvalorização do real, a notícia de que a empresa cogitaria uma recuperação judicial nos EUA gerou uma forte reação imediata e negativa no mercado, apontam os analistas.

A Azul agiu e realizou uma reunião com analistas e investidores para esclarecer os eventos que levaram à queda acentuada das ações da companhia, sendo conduzida pelo CEO (John Rodgerson) e CFO (Alexandre Malfitani) da Azul, que detalharam as estratégias da empresa. Eles afirmaram que a empresa não tem planos de solicitar proteção contra credores sob o Chapter 11 nos EUA, sendo que a notícia publicada pela Bloomberg, que sugeriu o contrário, foi considerada por eles uma “representação errônea” da situação. Contudo, analistas ainda viam um cenário de incerteza para a companhia. O dólar alto, com uma disparada de cerca de 27% frente o real em 2024, também não ajudou, uma vez que boa parte das despesas da companhia está atrelada à moeda americana.

Magazine Luiza (MGLU3, -69,76%)

Apesar de um ano de desdobramentos positivos para os resultados do Magalu, o cenário de constantes elevações de juros básicos (Selic) no Brasil – e com revisões para cima nas projeções – fizeram com que, novamente, MGLU3 figurasse entre as maiores baixas do Ibovespa no ano.

 A alta de juros afeta as ações do setor de consumo doméstico, uma vez que juros mais altos indicam atividade mais fraca lá na frente, o que tende a diminuir a demanda pelos produtos dessas companhias – além de aumentarem potencialmente o custo da dívida para muitas dessas empresas.

O último resultado apresentado pela varejista, do 3T24 em novembro, foi considerado positivo pelos analistas de mercado, com o foco da varejista na recuperação da sua rentabilidade. 

Segundo analistas do Bradesco BBI, os resultados reforçaram o avanço do Magazine Luiza em direção a lucros sustentáveis, com uma melhoria na margem Ebitda, que representa o lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações, e na redução das despesas financeiras.

Contudo, analistas seguem cautelosos com a ação, com 7 recomendações de manutenção, 2 de venda e 2 de compra, segundo compilação feita pela LSEG.

Cogna (COGN3, -68,77%) e Yduqs (YDUQ3, -61,19%)

Assim como as varejistas, as ações das educacionais também sofrem em um cenário de Selic alta, caso de Cogna (COGN3) e Yduqs (YDUQ3). Isso tanto pelo cenário ainda de impacto dos juros altos no consumo das famílias e também como pode afetar o endividamento das companhias. Elas, por sinal, assim como Azul e Gol, também tiveram rumores de fusão durante o ano de 2024.

Olhando para o micro, no último trimestre de resultados divulgado, referente ao 3T24, ambas as empresas mostraram sinais de recuperação, mas com desempenhos distintos.

Enquanto a Yduqs registrou um expressivo crescimento no lucro líquido e na margem Ebitda, que representa o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização, a Cogna conseguiu reverter prejuízos do ano anterior em termos ajustados, com um aumento potente no Ebitda e receita líquida estável.

O mercado segue bastante dividido sobre as ações das empresas de educação, especialmente para a Cogna, com 6 recomendações neutras e 4 de compra. Já para a Yduqs, de 10 recomendações, 7 são de compra e 3 são recomendação neutra.

CVC (CVCB3, -60,57%)

A CVC, assim como as outras companhias, também sofre com a piora macroeconômica. E, assim como no caso da Azul, o dólar em forte alta impacta fortemente o negócio de turismo da companhia.

Por outro lado, os resultados têm apresentado evolução. Os resultados do terceiro trimestre de 2024 (3T24) superaram as expectativas do mercado e trouxeram lucro pela primeira vez em mais de quatro anos.

Confira as ações do Ibovespa que caíram no ano:

Ações Cotação (R$) Variação no ano (%)
AZUL4 3,54 -77,89
MGLU3 6,5 -69,76
COGN3 1,09 -68,77
YDUQ3 8,55 -61,19
CVCB3 1,38 -60,57
ASAI3 5,63 -58,39
CSAN3 8,16 -56,37
CRFB3 5,43 -55,76
AZZA3 29,58 -53,02
MRVE3 5,31 -52,72
CSNA3 8,86 -50,08
HAPV3 2,23 -49,89
VAMO3 4,75 -49,15
RENT3 32,2 -47,55
HYPE3 18,09 -47,35
BRKM5 11,58 -47,03
RAIZ4 2,16 -45,91
LWSA3 3,32 -43,82
VIVA3 19,25 -42,88
USIM5 5,32 -40,78
UGPA3 15,88 -38,61
EZTC3 10,83 -37,76
PCAR3 2,55 -37,19
ALPA4 6,36 -37,15
AURE3 8,77 -31,99
BEEF3 5,09 -31,86
FLRY3 12,07 -30,21
ENGI11 36,48 -29,44
BBDC4 11,56 -28,28
BRAP4 16,58 -27,95
CYRE3 16,95 -27,54
IGTI11 17,27 -26,92
B3SA3 10,32 -26,86
BBDC3 10,64 -26,63
ALOS3 18,11 -26,55
BPAC11 27,2 -25,95
CCRO3 10,17 -25,82
CMIN3 5,15 -25,62
RADL3 22 -24,66
MULT3 21,08 -24,11
VALE3 54,55 -23,32
SANB11 23,82 -22,64
ENEV3 10,53 -22,63
RAIL3 17,84 -21,92
EQTL3 27,4 -21,64
NTCO3 12,76 -21,3
LREN3 12,12 -20,49
TOTS3 26,75 -19,45
SMTO3 23,26 -17,25
EGIE3 35,5 -16,82
ELET3 34,13 -16,65
VBBR3 17,84 -16,33
RECV3 16,21 -14,46
TIMS3 14,48 -14,12
ISAE4 23,01 -13,17
PRIO3 40,15 -12,81
ELET6 37,84 -11,8
CPFE3 31,59 -10,96
ABEV3 11,74 -10,06
RDOR3 25,42 -9,54
BRAV3 23,52 -9,44
CPLE6 9,15 -8,2
VIVT3 46,77 -7,89
TAEE11 32,86 -5,98
BBAS3 24,17 -5,24
ITSA4 8,83 -4,94
GGBR4 18,14 -4,59
IRBR3 42,45 -4,18
ITUB4 30,73 -3,35
SLCE3 17,5 -2,79
GOAU4 10,25 -1,64

Maiores altas

Embraer (EMBR3, +150,96%)

O ano foi bastante positivo para a Embraer, com a companhia brasileira fabricante de jatos fechando contratos significativos ao longo do ano e mostrando bons resultados, o que levou a uma resiliência para as ações mesmo com a forte volatilidade da Bolsa brasileira em 2024.

Boa parte dos analistas de mercado segue positiva com as ações. Em dezembro, o Itaú BBA reiterou recomendação equivalente à compra para o ADR (recibo de ações negociado nos EUA) da companhia, com preço-alvo de US$ 43, pois ainda enxerga espaço para uma alta adicional.

Segundo relatório, a fabricante de aeronaves ainda é negociada com desconto em relação à Airbus, reflexo das preocupações dos investidores com a avaliação da empresa. No entanto, o banco afirmou estar mais confiante após analisar os dados da companhia, mesmo diante das apreensões do mercado.

Por outro lado, em meados de novembro, o UBS BB rebaixou a Embraer para venda.  A principal justificativa para o rebaixamento é, segundo o banco, que o “mercado está excessivamente otimista” em relação às perspectivas de desempenho da fabricante de aeronaves, especialmente após o Investidor Day realizado pela companhia.

Na análise do UBS BB, o mercado está precificando altas expectativas para 2025, com entregas comerciais superiores às estimativas (90 entregas versus as 80 projetadas pela instituição), margens mais altas (4,5% contra 2%) e pedidos sólidos, além de uma performance forte no segmento de Defesa, com receitas esperadas de US$ 900 milhões para o próximo ano, acima dos US$ 750 milhões estimados anteriormente.

Entretanto, o UBS BB acredita que essas projeções são excessivas, considerando o cenário competitivo e as dificuldades enfrentadas pela Embraer. Os analistas dizem que o Brasil e outras localidades da América Latina não oferecem vantagens competitivas suficientes para a empresa no segmento de aeronaves de mais de 150 assentos de fuselagem estreita, o que coloca em dúvida o plano da companhia de se tornar um “terceiro jogador” nesse mercado dominado por Airbus e Boeing.

Marfrig (MRFG3, +104,83%), BRF (BRFS3, +87,90%) e JBS (JBSS3, +58,22%)

A Marfrig registrou uma das maiores altas do ano, também com melhores resultados da BRF (BRFS3) e sendo o destaque em um ano positivo no geral para as ações de proteínas da B3 com melhora do ciclo e resultados.

A Marfrig ainda anunciou no fim do ano distribuição inesperada de dividendos de R$ 2,5 bilhões. Embora essa distribuição de dividendos pareça contraintuitiva ao compromisso da Marfrig com a desalavancagem, o Bradesco BBI apontou que há um componente pontual relacionado à falta de distribuição de dividendos no ano passado, bem como ao aumento de capital que exigiu que os acionistas controladores injetassem dinheiro na empresa.

Em novembro, tanto o BofA quanto o Itaú BBA apontaram que o nome é uma das preferências de frigoríficos. O destaque para os bancos, no entanto, fica para a JBS (JBSS3). O Goldman Sachs também recomenda compra para os dois nomes e vê momento atual como oportunidade para ações de proteínas.

A BRF também se destacou entre as maiores altas de 2024, com uma forte recuperação de seus números no ano, o que levou a companhia a anunciar o seu primeiro pagamento de proventos desde 2016 neste ano.

Apenas no terceiro trimestre, a companhia registrou lucro líquido de R$ 1,13 bilhão no período. No mesmo período do ano passado, a BRF teve prejuízo de R$ 262 milhões. A receita ficou em R$ 15,5 bilhões no 3T24, com alta de 12,4% em relação ao mesmo período de 2023.

Fechando a trinca dos frigoríficos, a JBS também esteve entre as maiores altas com forte recuperação dos resultados que, como destacado anteriormente, aparece entre as preferências do setor.

Segundo o BofA, a JBS continua a se destacar pela sua capacidade de gerar fluxo de caixa robusto, com o banco elevando recentemente as suas estimativas para o Ebitda deste ano e de 2025 em 13% e 7%, respectivamente. O banco projeta um preço-alvo de R$ 50 para as ações da companhia. A empresa, conforme o BofA, também se beneficia de uma plataforma diversificada, com forte presença no mercado global e expectativas de crescimento, além de apresentar uma das melhores equações de crescimento e valor do setor.

Santos Brasil (STBP3, +69,33%)

As ações da Santos Brasil subiram forte no ano, principalmente após setembro, com o acordo para a venda da participação de 48% do Opportunity na empresa para o Grupo CMA CGM (líder global em soluções marítimas, terrestres, aéreas e logísticas).

A transação foi realizada por um Enterprise Value (valor da firma, ou valor de mercado de uma empresa somado a sua dívida líquida, descontando o valor de caixa) de R$ 13,2 bilhões.

Confira as ações do Ibovespa que subiram em 2024:

Ações Cotação (R$) Variação no ano (%)
EMBR3 56,19 150,96
MRFG3 17,03 104,83
BRFS3 25,36 87,9
STBP3 13,13 69,33
JBSS3 36,3 58,22
WEGE3 52,77 45,42
CMIG4 11,11 40,98
KLBN11 23,2 21,83
PETR3 39,41 21,32
SBSP3 88,5 19,18
CXSE3 14,25 18,43
PETR4 36,19 18,02
BBSE3 36,18 15,88
SUZB3 61,78 14,11
PETZ3 4,07 9,61

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