Novas ameaças de atentado a Brasília apodrecem chance de anistiar golpistas. Por Leonardo Sakamoto

Homem de 30 anos é preso pela Polícia Civil por suspeita de planejar atentado em Brasília. Foto: Divulgação

Por Leonardo Sakamoto, publicado no UOL

Se as bombas detonadas na Praça dos Três Poderes por Francisco Wanderley Luiz, em novembro, já tinham mandado para os ares as chances de anistiar golpistas, dois casos de ameaça a Brasília nos últimos dias tornaram o debate sobre a aprovação de uma lei para perdoar quem atacou as sedes dos três poderes em 8 de janeiro de 2023 um tema de natureza escatológica.

No domingo (29), o corretor de imóveis Lucas Ribeiro Leitão, de Fortaleza, foi preso após ser detido a caminho de Brasília por equipes da Divisão de Proteção e Combate ao Extremismo Violento da Polícia Civil do DF. Ele confessou que planejava um ataque à capital federal.

Um mandado de prisão temporária foi expedido pela Justiça após denúncias anônimas chegarem à polícia avisando que ele iria cometer atentados.

E, um dia antes, o advogado Fabrízio Domingues Ferreira ameaçou explodir as sedes da Polícia Militar e da Polícia Federal no Distrito Federal, e disse que já estaria com as bombas. A PM não encontrou explosivos com ele e apontou que estava em surto psicótico.

Esses dois casos e o de Francisco precisam ser usado como exemplos do que brota quando punições rigorosas não são dadas a líderes de movimentos contra a democracia e quando o Estado decide passar pano a tentativas de golpes de Estado.

Do ponto de vista político, pouco importa eles tinham problemas mentais ou se estavam profundamente perturbados, pois foram inspirados por outras tentativas de golpe e de atentado. E se esses casos não forem tratados com a gravidade que merecem, seus planejamentos vão incentivar mais patifes e malucos que podem ter sucesso no futuro.

O ex-presidente Jair Bolsonaro. Foto: Ueslei Marcelino/Reuters

Desde fevereiro deste ano, Jair Bolsonaro tem pautado o tema da anistia aos “pobres coitados do 8 de janeiro”. Usando a solidariedade aos seus seguidores como justificativa, ele defende, na prática, um projeto de lei que pode beneficiá-lo. Hoje, é indiciado por uma tentativa de golpe de Estado que teve no 8 de janeiro uma de suas peças.

Sob a justificativa de “pacificar” o país, tenta convencer a turma que faltou às aulas de História que o melhor é um arranjo para não puni-lo pelos crimes que cometeu. Mas a ideia só vem sendo bem aceita entre os que estão alinhado ao extremismo no Congresso.

Bolsonaristas mais radicais continuavam defendendo a anistia a todo o custo, contando com a perda de memória da maioria da população. Como aqui já disse, a Justiça tem um papel fundamental de interromper esse ciclo, mandando os líderes do golpismo para a cadeia.

Vale lembrar que uma das cenas mais insólitas do golpismo de 2022 foi a tentativa de um ato terrorista com a colocação de uma bomba em um caminhão de combustível para explodir o Aeroporto Internacional de Brasília na véspera de Natal. A ideia era criar uma situação de caos para permitir intervenção militar e decretação de estado de sítio. Aquela bomba deu chabú, mas poderia ter mudado o curso da História.

Se golpistas não forem punidos, muita gente vai achar que ainda dá tempo de ser mártir.

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