Advogada que move ação contra soldado israelense no Brasil é alvo de ameaças

A advogada Maira Pinheiro, responsável pela ação que resultou no pedido de investigação da Justiça Brasileira contra um soldado israelense acusado de crimes de guerra em Gaza, relatou nas redes sociais que ela e sua família estão sendo ameaçadas.

Maira, juntamente com o advogado Caio Patrício de Almeida e em parceria com a Fundação Hind Rajab (HRF), solicitou à Justiça que o soldado israelense Yuval Vagdani, que estava de férias no Brasil, fosse investigado. A ordem de investigação foi emitida pela juíza federal Raquel Soares Charelli, da Seção Judiciária do Distrito Federal, em 30 de dezembro de 2024.

O militar é sobrevivente do ataque do Hamas em um festival de música eletrônica, ocorrido em 7 de outubro de 2023. Após a ordem judicial, o soldado deixou o Brasil.

A denúncia apresentada aponta que o soldado teria participado da demolição de casas de civis palestinos em novembro de 2024. Segundo a Fundação Hind Rajab, essas destruições, realizadas fora de situações de combate, fariam parte de uma campanha de repressão contra a população palestina.

As ameaças

Desde então, a advogada tem sido alvo de ataques nas redes sociais. Nos stories do Instagram, Maira compartilhou diversos prints de ameaças recebidas, incluindo mensagens que mencionam o endereço de sua casa. “Se acontecer alguma coisa comigo, já sabem de onde veio”, escreveu ela.

Outras mensagens de contas aparentemente falsas, com poucos seguidores, contêm ameaças extremas. “Você vai morrer estuprada e queimada assim como as vítimas do 7 de outubro”, afirmou uma. “Vai receber o que merece. Só espera”, escreveu outra.

Em outro print, uma mensagem cita diretamente a filha de Maira: “Decidiu apoiar terrorista e agora tá com medinho das consequências? Se fodeu, e agora eles sabem que você tem filha. Esperando ansiosamente por horríveis notícias envolvendo seu nome.”

Maira também declarou que “todas essas informações foram encaminhadas à Polícia Federal, ao Ministério Público Federal, à Polícia Civil de São Paulo, ao Ministério Público do Estado de São Paulo e às instâncias competentes da OAB.”

 

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Uma publicação compartilhada por Maira Pinheiro (@advmaira)

Reação em Israel

O pedido de investigação sobre o soldado também gerou repercussões políticas em Israel. O líder da oposição, Yair Lapid, responsabilizou o governo israelense pelo ocorrido, criticando a falta de proteção aos soldados israelenses que viajam ao exterior.

Em resposta, o Ministério das Relações Exteriores de Israel afirmou que o ministro Gideon Sa’ar solicitou que a embaixada israelense no Brasil oferecesse total apoio ao soldado e sua família, garantindo uma saída tranquila do país.

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