Parlamentar de Israel ameaça Brasil após soldado criminoso ser alvo da Justiça: “Pagará um preço”

Dan Illouz, congressista israelense que, recentemente, atacou e ameaçou o Brasil em postagem nas redes sociais – Foto: Reprodução

Um congressista israelense, aliado do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, atacou e ameaçou o Brasil em uma postagem neste domingo (5) no X (antigo Twitter). Dan Illouz reagiu com irritação à decisão da Justiça brasileira de determinar a abertura de uma investigação contra um soldado de Israel acusado de cometer crimes de guerra. O oficial, que estava de férias no Brasil, deixou o país às pressas na manhã de hoje.

“O Brasil tornou-se um Estado subordinado a terroristas. Em vez de perseguir terroristas, persegue um soldado das Forças de Defesa de Israel – um judeu que sobreviveu a um massacre brutal e defende seu povo. Uma vergonha imperdoável. Israel não ficará de braços cruzados diante da perseguição a seus soldados, e, se o Brasil não corrigir seu caminho, pagará um preço”, publicou Illouz.

Na sequência, ele criticou o líder da oposição israelense, Yair Lapid, que havia responsabilizado o governo de Israel por permitir que um soldado da reserva saísse do país sem autorização. “Em vez de combater esse fenômeno perigoso, ele imediatamente culpa o governo de Israel. Seu instinto de atacar a vítima em vez do agressor é uma vergonha nacional. Diante do mal, devemos apresentar uma frente unida e não nos envolver em politicagem mesquinha. É vergonhoso que uma pessoa como ele tenha sido primeiro-ministro – mesmo que tenha sido apenas por um momento, já foi demais”, declarou o parlamentar.

A investigação

O soldado israelense deixou o Brasil às pressas neste domingo (5), conforme noticiado pelo The Times of Israel. A Justiça Federal brasileira havia determinado a abertura de uma investigação contra o militar, acusado de envolvimento em crimes de guerra no contexto do genocídio cometido por Israel na Faixa de Gaza.

Yuval Vagdani, soldado israelense acusado de envolvimento em crimes de guerra no contexto do genocídio cometido por Israel na Faixa de Gaza – Foto: Reprodução

Segundo dados atualizados, mais de 11.000 palestinos foram mortos desde o início dos bombardeios israelenses em outubro de 2023, incluindo mais de 4.500 crianças, de acordo com o Ministério da Saúde de Gaza. A denúncia contra o soldado foi apresentada pela Hind Rajab Foundation, organização que monitora as ações de militares israelenses no exterior e busca responsabilizá-los judicialmente.

De acordo com a fundação, o soldado estaria envolvido na destruição de um prédio residencial em Gaza, em novembro de 2023, que servia de abrigo para palestinos deslocados. A organização afirma ter reunido mais de 500 páginas de evidências para sustentar a denúncia, incluindo registros de operações do soldado divulgados nas redes sociais.

O Ministério das Relações Exteriores de Israel, por meio da seção consular e da embaixada em Brasília, declarou apoio ao soldado e sua família. “Chamamos a atenção dos israelenses para publicações nas redes sociais sobre seu serviço militar, que podem ser usadas por elementos anti-Israel para iniciar processos legais infundados”, afirmou em nota.

O pai do soldado, em entrevista à emissora Channel 12, relatou que um amigo de seu filho recebeu um aviso de um escritório diplomático israelense sobre um possível mandado de prisão contra ele. “Pedi que escapassem imediatamente. Eles não podiam ficar mais nenhum segundo”, relatou.

O Brasil, como signatário de tratados internacionais de direitos humanos, como a Convenção de Genebra e o Estatuto de Roma, tem o compromisso legal de agir contra crimes de guerra, mesmo quando cometidos fora do país. No entanto, embora a Hind Rajab Foundation tenha conseguido visibilidade ao identificar militares israelenses em situações semelhantes, nenhuma das acusações feitas pela organização resultou em prisões efetivas até o momento.

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