Fernanda Torres e Regina Duarte: uma escolha fácil entre a grandeza e a mesquinharia canalha

Fernanda Torres e Regina Duarte: vidas paralelas

Ao falar de Fernanda Torres e sua vitória no Globo de Ouro, é inevitável comparar sua trajetória à de Regina Duarte, que fez o caminho oposto rumo ao ostracismo e ao suicídio de caráter.

O impacto de Fernanda Torres ultrapassa o escopo de sua carreira, principalmente por sua postura ética, alinhada aos valores democráticos, em contraste com o fascismo senil de Regina, a ex-namoradinha do Brasil.

Fernanda Torres construiu sua carreira com versatilidade. Vai da comédia ao drama. Ganhadora de prêmios como o de Melhor Atriz no Festival de Cannes por sua atuação em “Eu Sei Que Vou Te Amar”, de um Arnaldo Jabor pré-golpista, ela é reconhecida por seu talento tanto no cinema quanto na televisão e no teatro.

Além disso, a filha de Fernanda Montenegro é uma boa escritora e cronista, com textos que exploram a sociedade brasileira com inteligência, graça e sensibilidade.

Regina Duarte deixou um legado artístico em novelas como “Roque Santeiro” e “Vale Tudo”, um subgênero da teledramaturgia. Passapanistas gostam de lembrar sua coragem no papel de uma mulher divorciada em “Malu Mulher”. Hoje se vê que ela não entendeu nada. Atores são gados, dizia Hitchcock.

Nos últimos anos, o posicionamento político das duas atrizes trouxe à luz o abismo nacional. Fernanda não foge do debate público e de um compromisso com o combate ao obscurantismo da extrema-direita. No discurso de agradecimento da premiação, fez questão de lembrar que “Ainda Estou Aqui”, uma denúncia da ditadura militar, é necessário nesses tempos de “medo” no mundo.

Regina Duarte, curiosamente, ficou célebre pela patacoada da propaganda política em que apelava exatamente para o “medo” — do PT, de Lula e, por extensão, da democracia.

Virou secretária de cultura de Jair Bolsonaro, ou algo que o valha. Mentiu nas redes sociais como se não houvesse amanhã. Caluniou Leila Diniz, gigante de sua geração, a quem conheceu, e foi processada pela filha. Etc etc.

Chegou a relativizar a tortura. Junto a Cássia Kis, tornou-se um símbolo de como envelhecer porcamente. Perdeu conexão com os valores humanos mais básicos. Fernanda Torres virou um exemplo de como o talento aliado ao compromisso ético pode consolidar um legado muito maior que uma carreira artística.

Como no caso de Silas Malafaia e Padre Júlio, a escolha nunca foi tão fácil.

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