Taxas dos DIs caem com expectativa de tarifas de importação moderadas nos EUA

As taxas dos DIs fecharam a segunda-feira em queda firme, em especial entre os contratos com prazos mais longos, com a curva brasileira reagindo à notícia de que o governo de Donald Trump pode implementar tarifas de importação mais moderadas nos Estados Unidos, ao contrário do que se esperava.

O movimento esteve em sintonia com a queda firme do dólar ante o real, em uma sessão de liquidez ainda reduzida neste início de 2025.

No fim da tarde a taxa do DI (Depósito Interfinanceiro) para julho de 2025 – um dos mais líquidos no curtíssimo prazo – estava em 14,015%, ante o ajuste de 14,077% da sessão anterior. Já a taxa do contrato para janeiro de 2026 marcava 14,99%, ante o ajuste de 15,072%.

Entre os contratos mais longos, a taxa para janeiro de 2031 estava em 14,8%, ante 15,051% do ajuste anterior, e o contrato para janeiro de 2033 tinha taxa de 14,56%, ante 14,801%.

Logo no início do dia os mercados globais foram impactados por reportagem, publicada no Washington Post, informando que assessores do presidente eleito dos EUA estão explorando planos tarifários que seriam aplicados a todos os países, mas que abrangeriam apenas importações críticas.

As discussões atuais estariam centradas na imposição de tarifas apenas em determinados setores considerados críticos para a segurança nacional ou econômica, disse a reportagem, citando três fontes familiarizadas com o assunto.

O plano mais limitado para a alta de tarifas potencialmente reduziria o impacto inflacionário da medida, contendo a necessidade de o Federal Reserve manter os juros mais elevados por mais tempo.

Em reação, o dólar cedeu ante a maior parte das demais divisas, incluindo o real, e as taxas dos DIs recuaram.

“A deterioração mais aguda nos ativos locais, com o fiscal preocupando muito, tem uma parte que remete aos ‘trades’ da eleição do Trump, que leva a uma curva norte-americana mais alta”, comentou Getulio Ost, superintendente de Renda Fixa da SulAmérica Investimentos, em referência ao avanço firme da curva brasileira no fim de 2024.

“Mas hoje a matéria do Post relembrou um pouco que talvez a precificação no dólar esteja um pouco esticada. Então, há uma certa suavização deste ‘trade’”, acrescentou.

Às 10h30, a taxa do DI para janeiro de 2031 marcou a mínima de 14,81% (baixa de 24 pontos-base ante o ajuste anterior), em um momento em que o dólar também oscilava perto das mínimas do dia ante o real.

Ainda pela manhã Trump refutou a reportagem do Post, chamando-a de “mais um exemplo de ‘fake news’”, o que fez o dólar e as taxas dos DIs recuperarem um pouco de fôlego. Mas a tendência de baixa se manteve ao longo do dia.

“Se você pensar que antes os agentes incorporaram prêmios de risco de as tarifas virem em grande magnitude, agora você coloca certa dúvida sobre o tamanho delas. É uma mínima reprecificação”, comentou Ost.

Internamente, as preocupações com a área fiscal continuaram a permear os negócios, mas investidores também seguiram aproveitando o início do ano para retirar alguns excessos dos prêmios incorporados à curva no fim de 2024.

De volta das férias, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, reuniu-se com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e afirmou, após o encontro, que não há discussão no governo que envolva mudanças no regime cambial ou aumento de impostos para conter a saída de dólares do país.

Haddad afirmou ainda que a conversa com Lula tratou de planejamento para o ano e questões relacionadas à pauta de votação do Congresso, especialmente o projeto do Orçamento de 2025.

Neste contexto, perto do fechamento a curva brasileira precificava 54% de probabilidade de alta de 125 pontos-base da Selic no fim deste mês e 46% de chance de elevação de 100 pontos-base. Atualmente a Selic está em 12,25% ao ano.

Apesar da relativa divisão nos DIs, o mercado de opções de Copom na B3 aponta mais claramente para uma alta de 100 pontos-base da Selic em janeiro. Conforme o fechamento da última sexta-feira, a probabilidade de uma elevação nesta magnitude é de quase 80%.

No relatório Focus do BC desta segunda-feira, a mediana das projeções do mercado apuradas para a Selic no fim de 2025 passou de 14,75% para 15,00%.

No exterior, tendo leilões de títulos do Tesouro norte-americano como pano de fundo, às 16h32 o rendimento do Treasury de dois anos — que reflete apostas para os rumos das taxas de juros de curto prazo — tinha queda de 1 ponto-base, a 4,266%, enquanto o retorno do Treasury de dez anos –referência global para decisões de investimento — subia 3 pontos-base, a 4,62%.

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