Já vai tarde: Jean-Marie Le Pen, líder da extrema-direita, morre aos 96 anos

Jean-Marie Le Pen

Jean-Marie Le Pen, fundador do partido francês de extrema direita Frente Nacional, morreu nesta terça-feira (7) aos 96 anos, conforme informado por fontes próximas à sua filha Marine Le Pen. Reconhecido por suas posturas racistas e xenófobas, Le Pen deixou uma marca divisiva e perturbadora na política ao longo de uma carreira de 40 anos.

Le Pen personificava um misto de populismo inflamado, eloquência calculada e carisma controverso. Foi um dos pioneiros em explorar o descontentamento da classe trabalhadora com a imigração e a globalização, sacudindo as estruturas do establishment político francês.

Sua estratégia populista, que jogava com o medo e a insegurança, antecipou em muitos aspectos a ascensão de figuras como Donald Trump na política global.

Veterano das guerras coloniais francesas, antissemita e anti-islâmico, Le Pen passou a vida em combates constantes: primeiro no campo de batalha, depois como líder político. Foi candidato à presidência da França em cinco ocasiões, chocando o mundo em 2002 ao chegar ao segundo turno contra Jacques Chirac.

No entanto, sua derrota esmagadora naquela eleição mostrou que, embora perigoso, o extremismo que ele representava ainda não havia conquistado espaço suficiente para tomar o poder.

Le Pen também foi um nacionalista fervoroso, inimigo declarado da União Europeia, que considerava uma entidade supranacional que usurpava os poderes dos estados-nação. Ele soube capitalizar ressentimentos semelhantes aos que mais tarde impulsionariam o Brexit, explorando medos e inseguranças para consolidar seu discurso de ódio.

Apesar de ter conseguido moldar a política francesa, sua vida foi marcada por divisões, não apenas na sociedade, mas em sua própria família. As disputas públicas e amargas com suas filhas e ex-esposa evidenciaram o homem combativo e incendiário que ele era.

Jean-Marie Le Pen será lembrado como um arquétipo da intolerância e da manipulação política, cuja morte encerra um capítulo sombrio na história recente da França. Infelizmente, seus herdeiros estão por aí, mundo afora. Já vai tarde.

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